31.3.05

Donas de casa

Pelo que vi na Ophra, a secretária de estado dos assuntos de gajas nos EUA, e minha privilegiada fonte, "Desperate Housewifes" é a história de cinco mulheres que se ocupam exclusivamente dos seus lares num típico subúrbio americano de classe média alta. Tudo começa com o suicídio de uma amiga de profissão, a indiciar que algo vai mal no reino dos jardins aparados, das tartes e das cortinas floridas. Há a tarada, a divorciada sensível, a perfeccionista, a rica insatisfeita que se delicia com o jardineiro mais novo e a que já foi uma executiva de sucesso. Nos EUA a série é já tão indispensável como o aspirador.

Quando ouvi uma das protagonistas dizer que esperava que "Desperate Housewifes" fosse para as donas-de-casa o mesmo que o "Sexo e a Cidade" foi/é para as solteiras (?) fiquei apreensiva, desconfiada e com vontade de dizer mal a partir do primeiro episódio, só para não se armarem. Ser solteira é giro, nem que o seja apenas intermitentemente, mas ser dona-de-casa é, até na América, aborrecido e inglório. Mesmo sabendo que existem mulheres que o desejam ser por vocação, a condição de desesperada é inevitável na profissão mais antiga do mundo (ex-aequo...).

Quando cá chegar vou ver. Só espero que as tropelias e as aventuras destas donas de casa não venham a dar razão a alguns homens que conheço que com a verdade nos querem enganar e dizem: "Quem me dera ser dono de casa. Grande vida". Este desejo oculto deles só revela a injustiça de que são alvo as verdadeiras donas de casa, ou gestoras do lar como já lhes chamam.

PS - Há uma dona de casa em cada uma de nós. E assim nos tramaram.

30.3.05

Pensamentos in vitro 12

Há duas espécies de mulher. A que gosta de aprender com os homens e a que gosta de ensiná-los.

Ainda que na maioria das vezes as duas tendências coincidam, haverá sempre uma que predomina.

29.3.05

Febre

Fui à terra na Páscoa. Cada vez gosto mais dela. Não é minha, é dos meus pais, os pais são meus, a terra é minha. Certo?

É frequente nestas idas a Coimbra ouvir estórias da juventude dos meus pais. Desta vez a minha mãe, sentada na sala da senhora Maria, uma senhora que é um mimo, contou que quando tinha 22 anos teve "febre asiática". O que é esta febre não sei e acho que não tem nada a ver com aves... Mas foi um febrão. Acontece que na mesma ocasião o senhor José, falecido marido da senhora Maria, sportinguista e ocioso de gema, teve a mesma febre, a asiática. A senhora Maria, que é um portento de saúde, andou então nessa altura à cabeceira da cama do marido e da cama da minha mãe a afugentar-lhes a tal febre que lhes pôs os olhos em bico.

O senhor José, que estava para Maria, como os pais d'Ele, escreveu na altura um bilhetinho à minha mãe, de doente para doente, que rezava assim:

"Se é doença, ature-a. Se é paixão domine-a".

A minha mãe jamais esqueceu a mensagem. Naquela altura já andava enamorada do meu pai.

Adoro ir à terra.

Reencarnação

Foto do filme Birth

Dei cabo da cabeça de muitos catequistas, padres e professores de Moral à conta da minha fé na reencarnação. A religião católica acredita em seres únicos e almas únicas. Um corpo, um sopro. Só. Eu acredito numa alma, muitos corpos e numa única briza que percorre as nossas passagens terrenas.

Não sei argumentos, nem lhes sinto a falta. Se pudessemos provar a nossa fé, não mais poderíamos peregrinar pelo labirinto de crenças que a cada esquina nos colhe, ou escolhe, o empenho ou a renúncia. Abandonarmo-nos nos braços da fé em qualquer coisa é o mesmo que soltarmos o primeiro choro quando nascemos, o primeiro e único verdadeiro grito de liberdade. Se pudessemos provar a nossa fé seríamos obrigados a viver com rede, sem medos e sem glória.

Acredito na reencarnação, no renascimento. Renascer é o meu verbo. De outras vidas não sei ainda, mas nesta em que agora respiro já experimentei várias. Quando um sonho me morre, renasço e construo outro. Quando o meu pai morreu, renasci para uma vida sem ele. Quando um amor morreu, renasci para outro. Reencarnei.

Já tenho algumas vidas passadas.

28.3.05

Parabéns Clark

O Clark 59, que assina o Claque Quente, está de parabéns. A sua "coluna" na blogosfera faz um ano. Eu tive a honra de fazer parte, a seu convite, do júri que votou os melhores post's deste primeiro ano. Gostei de o ler para trás e reler algumas das suas muitas manifestações de pesar, alegria, raiva, ternura, enfado, traquinice e, não pouca, provocação.

Vi-o uma vez, mas parece que já lhe conheço, pela transparência e despudor da sua escrita, algumas veias que lhe correm: Gosta da Suécia, das suecas e dos suecos. Gosta de não se vergar ao peso da cruz da coerência. Gosta de mulheres. Gosta de achar que percebe de mulheres. Gosta de Espanha, mas não tanto como da Suécia. Gosta de nos chamar, aos bloguistas, confrades. Gosta da sua terra, Espinho. Gosta de futebol e do Benfica. Gosta do Canadá, mas não tanto como da Suécia. Gosta de vestir a camisola. Gosta de ter ódios de estimação. Gosta de Jorge de Sena. Gosta do seu amigo Libelinha, o seu alter-ego. Gosta do seu herói Clark Kent, o jornalista herói invisível, reverso do Super-Homem (qualquer semelhança com o seu nome de blog...). Gosta da F., a sua mulher.

Não gosta de blogs intelectuais que não dizem nada e têm muitas visitas. Não gosta de italianos. Não gosta de ter um só partido político. Não gosta de "femichistas", uma espécie de mulheres que ele descobriu. Não gosta de comer mal. Não gosta de gestores que não percebem nada de Portugal, dos portugueses e de produtividade. Não gosta que o tentem emprenhar pelos ouvidos.

O Clark é como quase todos nós que por aqui andamos na blogosfera. Um homem com gostos, paladares, ódios, pancadas, limitações, poesia no seu avesso, humor quando calha, doutor quando é preciso, epsitólogo às vezes, diário de Maria porque um homem também chora e sabe ser pimba... Ele é, nós somos, eles são...

... e quem não cede às tentações da blogosfera que atire a primeira pedra. O elogio do Clark é um elogio a quem tem a humildade de se expor. A exposição é a mais humana forma que por nós caminha.

O Clark não é sonso. Isso para mim basta. Vemo-nos por aí, no sítio do costume.

24.3.05

A minha Páscoa

Hoje é Quinta-feira Santa. Há uns anos atrás eu estaria a preparar-me para participar na cerimónia de evocação da Última Ceia de Cristo, seguida do lava pés.

Amanhã é Sexta-feira Santa. Há uns anos atrás preparar-me-ia para as laudes de manhã, e a adoração da cruz à noite.

Depois de amanhã é Sábado de Aleluia. Há uns anos atrás celebraria com os outros paroquianos, numa das cerimónias mais comoventes do celendário católico, a ressurreição de Cristo. Cantaria um salmo e acenderia as velas que simbolizam a "luz de Cristo que ilumina a terra inteira".

Hoje vou ao cinema e depois a um bar.

Não sei o que me aconteceu, mas sinto-me além igreja. Cristo continua a iluminar-me e sei que todos os anos Ele ressuscita, por mim. Renova-me, inspira-me, acompanha-me. Todos os anos tenho uma segunda oportunidade. Hoje só consigo agradecer-Lhe. Acredito na vida eterna. Ámen.

23.3.05

O elogio deste não engana...

22.3.05

Eu explico

Tenho para mim que a pior inimiga da mulher é... a mulher.

Eu explico.

Nunca tive mais amigos homens que mulheres, e não trocava as minhas amigas por nada deste mundo, mas conheço algumas que preferem a descomplicada amizade masculina à intrincada amizade feminina. Porque será?...

Eu não sou assim, em geral prefiro amigos, seja qual for o seu sexo. Quis, no entanto, o meu percurso fazer-me mais acompanhada de gajas. Calhou, e calhou bem. Não tenho, portanto, qualquer tipo de trauma com a minha confraria, pelo contrário. Reservo-me, contudo, o direito de constatar frequentemente aquilo que já não é novidade para ninguém – as mulheres são muitas vezes cabras umas para as outras. Não há nada a fazer.

As minhas amigas não são. Escolhemo-nos todas a dedo, demos as mãos e estendemos os braços, sentimos as dores umas das outras e, apesar de cada uma das nossas cabeças ditar as suas sentenças, estamos lá quando é preciso, de corpo, e quando este não é possível, de alma. Aos trintas dizer isto... é um feito.

Porque as mulheres são mázinhas umas para as outras. São capazes de estar uma noite inteira a olhar para o rabo das outras, a tirar as medidas, a inventar silicones, a desdizer do penteado, do marido, do namorado, do ex-marido, do trabalho, e de tudo que é ou foi sua pertença.

As mulheres olham mais umas para as outras do que para os homens. Quantas vezes já reparei, quando vou com o meu marido na rua, que elas olham primeiro para mim e só depois para ele. E ele confirma, e troça. Pudera. Os homens hetero olham para as mulheres ponto final; não se põem a comparar com os gajos que as acompanham. Estão a ver?

É por isto que eu digo que acredito muito mais no elogio de uma mulher. Quando uma gaja elogia outra é a sério, porque não há contrapartida, porque não é sequer necessário e até custa adular uma potencial adversária. Os homens não. Mesmo os mais sinceros são capazes de nos dizer uma boa, para lhe prometermos duas melhores ainda. E sabe-nos bem. E sempre assim será.

Era isto que eu queria explicar.

Pensamentos in vitro 11

Valorizo e acredito muito mais no elogio de uma mulher que no de um homem. Sabe-me melhor o segundo. Claro.

21.3.05

Quanto mais lento melhor

Na América é assim, tudo parece normal. Restaurantes sem mesas onde se come na cama, andar de sandálias com um frio de rachar, e fazer striptease sem ser, nem parecer, uma mulher perdida.

A Ophra tem-me ensinado muito. Ontem foi a vez de ver a fabulosa Teri Hatcher, protagonista da série "Desperate Housewifes" que está a fazer furor nos EUA, demonstrar, de dentro dos seus belos jeans cingidos, uma série de exercícios a que agora se chama cardio striptease ou aerobic striptease. De qualquer maneira é sempre strip e sempre para tease... Fiquei fã.

O lema é: a lentidão dos movimentos não cansa, trabalha o corpo e faz mais efeito... Fiquei fã.

Duvido que haja em Lisboa um ginásio decente com a modalidade, por cá ainda estamos a digerir o Pilates dos idos 60 da América. Em Portugal, também, quanto mais lento melhor...

17.3.05

A bijuteria não paga dívidas mas brilha

A Marion (outra vez a outra mulher) diz que O silêncio é de ouro... O Cesariny deu-lhe uma ajuda:

Supor o que dirá

Tua boca velada

é ouvir-te já.

É ouvir-te melhor

Do que o dirias

... e Cesariny é Cesariny.

Se ele me conhecesse diria que eu sou de pechisbeque.

Ai quem me dera estar caladinha às vezes.

Post à RFM

Se eu tivesse uma moeda por cada momento de pura alegria e felicidade que passo com os meus amigos e com a minha família, era uma mulher muito, muito rica.

Vale a pena eu pensar nisto.

Se eu tivesse uma moeda por cada momento de desespero e de solidão, incompreendida que frequentemente me sinto, era uma mulher muito, muito rica...

... E ainda bem, porque por este andar vou precisar de terapia, muita terapia.

Não consigo deixar de pensar nisto.

16.3.05

A essência de um post...

... ou a verdade sobre os blogues?

Às vezes escrevo posts tão pessoais que só cinco ou seis pessoas é que entendem. E eu não sou uma dessas pessoas. [P.M.]

in Fora do Mundo

Conheço pelo menos três pessoas que me vão insultar por ter citado o Pedro Mexia... O gajo não é um gajo simpático, não é giro, não... Mas gosto de lê-lo. Aqui está mais uma perversão dos blogues.

Festa

Moulin de la Galette, Auguste Renoir

Se eu pudesse entrar dentro de uma pintura seria nesta. Renoir pincelou um ambiente de festa com a cor e a vivacidade que qualquer manifestação de divertimento deve ter.

É verdade, nasci para a festa.

A sensação que recolho deste quadro pende-me o carácter para a minha faceta criminosa. Apetecia-me roubá-lo e escondê-lo num gigantesco salão de baile, com um bar mais barroco que impressionista, uma bola anormalmente grande de espelhos a pender do tecto alto, cadeirões e sofás com fartura para todos se espojarem, aqui e ali comidas pecaminosamente confeccionadas por um chef de bigodes pretensiosos, velas brancas a queimar o ar, músicos contratados à escala dos meus top’s, e convidados, muitos convidados sem favor, a rir, a desconversar, a confidenciar, a seduzir.

E a obra de Renoir lá estaria, numa dimensão paralela. Os convivas dele a desejar os meus e vice-versa.

Impressões destas fazem o meu dia.

12.3.05

Um dia...

Foto do Delirios

A Marion lançou-me na reflexão sobre a morte, e mais concretamente sobre a ideia do nosso funeral...

Aquele que é provavelmente o pior pesadelo de qualquer pessoa, só sossegado pela ignorância da data em que ocorrerá, sempre foi objecto das minhas cogitações. Uma mania que não é um capricho auto-flagelador, antes uma forma de ultrapassar o trauma que a morte representa para o meu corpo animado.

O último pensamento a que recorro frequentemente devo-o ao político João Amaral que, segundo rezam os escritos, terá dito que o dia da morte era mais um dia da sua vida.

Mesmo antes da série "Sete palmos abaixo de terra", de que sou obviamente fã, mas já com muitos filmes anglo-saxónicos na cartilha, sempre nutri pelas cerimónias fúnebres em inglês um respeito e um fascínio que caem normalmente mal nas convicções latinas do meu povo.

Não é suposto, por cá, comer depois, celebrar durante, e preparar devidamente o antes, com um sentido de estética que na tradição católica pecará por excessivo ou, talvez, por demasiado festivo. Embora, estou crente, a nossa maneira portuguesa de encarar os rituais fúnebres resida mais em factos antropológicos, que não domino minimamente, do que na igreja.

O que é certo é que também não é suposto, por cá, as pessoas disporem-se a pensar sobre o assunto do seu enterro. Nos Estados Unidos, por exemplo, deixam-se escritas as últimas vontades - quem fará os discursos, que flores, que música... - e até se reservam caixões.

Para a maioria das pessoas que conheço esse é um assunto tabu. Há uns tempos atrás a minha mãe entrou em estado de choque quando lhe disse que gostava que me maquilhassem para estar bonita naquele dia... Na América também se faz. E depois?

Chamam-me mórbida e dizem-me para não me preocupar com isso, que é um disparate, e arrepiam-se e, sobretudo, dizem-me que depois de morta o que é que interessa?

Esquecem-se que o funeral é sobretudo para os vivos. É neles que eu penso. E eu, enquanto penso nestas coisas malucas, vou enfrentando o anjo da morte pelas asas...

Pensamentos in vitro 10

As pessoas verdadeiramente más são aquelas que conseguem incutir-nos o sentimento de pena por elas. Qualquer vilão que se preze cultiva a compaixão dos outros.

11.3.05

A minha noite com os Keane

Em suma, teve piada.

Foi a primeira vez, que me lembre, que fui ver uma banda ao vivo sem conhecer bem as canções, sem saber cantarolá-las portanto, sem ter motivos para estar aos pulos de contente e de excitação (marido, desculpa lá, mas aqui não fica bem dizer agitação...).

Em suma, acabei por não me mexer muito.

Foi a primeira vez, que me lembre, que fui a um concerto sem sentir o tradicional cheiro a especiarias... Se me faço entender.

Em suma, não fiquei ganzada com o cheiro, mas senti-lhe a falta. Confesso. A Lolita só me dizia que não cheirava a concerto.

Foi a primeira vez que vi uma banda ao vivo que não toca guitarra. Só voz, e que bela voz!, teclas e bateria.

Em suma, os três rapazes (só três!) fazem um som danado em cima do palco e, sim, fiquei apaixonada pela voz do vocalista, Tom Chaplin.

Foi a primeira vez que me enganei tanto a respeito de um concerto. A faixa etária da audiência situou-se bastante acima das minhas expectivas; Adolescentes eram poucos, acima de trinta muitos. Os rapazes de tótós afinal não têm nada e o vocalista até que se mexeu e bem, mas issso também deve ter tido a ver com o facto de ele ter ido de camisa preta... Lá está.

Em suma, aprendi mais uma vez a não tirar conclusões precipitadas das coisas.

O que continua a ser verdade, verdadinha, é que a música ainda é das poucas coisas neste mundo que entusiasma multidões e faz as gentes exorcizarem as suas maleitas. Não há bicho-homem carrancudo que não se solte ao som de uma melodia e de umas palavras cantadas ao ouvido capazes de ressuscitar emoções. Bendita música.

E, de quem falo por último, sabe disto tudo melhor que ninguém - Obrigada querida baton.

Homens a preto e branco

As pessoas a preto e branco são talvez as menos interessantes que podemos conhecer. Não concebem a existência do cinzento que distorce as linhas a direito da vida, que é tão só e apenas feita de curvas, nem se arriscam a borrar o seu percurso com a paleta que Deus e a Natureza lhes deu.

Mas o que eu queria dizer era apenas isto (que não tem nada a ver com aquilo...):

Qualquer homem deveria ter no seu roupeiro camisas brancas e camisas pretas com fartura. Qualquer homem fica favorecido com estas duas cores. Juro. Nos últimos tempos foram pelo menos três os homens, por quem eu não dava nada, cujos troncos vi a preto ou branco vestidos e que mudaram logo de feição. Palavra de mulher que gosta de usar todas as cores.

E com esta, continuo a contribuir para o meu rol de pequenas e inofensivas constatações que à Humanidade trazem muito pouca substância.

9.3.05

Ganhei um bilhete!

A minha baton ofereceu-me um bilhete para ir ver os Keane! É verdade. Apesar de eu lhe estar sempre a dizer que os gajos têm cara de tótós. Amanhã devo ser eu e uma cambada de "teen e vintagers"... Há-de ser bonito. Hoje tenho de pôr o 'botox'... Depois conto como foi.

Dia da Mulher, ainda...

O meu post sobre o Dia da Mulher, embora apreciado, peca (ouvi dizer...) por generalização. Concordo. Há ainda muitos sítios no planeta onde a palavra mulher equivale a lixo, escrava, “moira de trabalho”, puta não assalariada de serviço, etc. É precisamente por respeito a essas mulheres, enclausuradas em sistemas sociais e políticos bárbaros, que me enerva este Dia da Mulher vivido aqui no velho continente e nos países, alegadamente, do primeiro mundo, com a soberba e a estúpida comiseração pela condição feminina.

Ainda ontem li que um estudo do Instituto de Ciências Sociais, sobre a conjugalidade, revela que mais de 80% das mulheres portuguesas não divide as tarefas domésticas, sendo que uma em cada cinco considera indesejável a igualdade em matéria profissional. Os investigadores concluíram que apesar de se assistir a uma modernização, ainda há "uma proporção considerável de mulheres" que assume posições conservadoras.

Que me dizem disto?

Noutros países este estudo nem sequer teria cabimento... De certeza que no Iraque ou na Arábia nenhuma mulher respondeu a um inquérito sobre a vida conjugal.

Repito: Ajustem-se contas com a nossa raça. Os homens apenas assistem impávidos e serenos do sofá, e outra coisa não têm as fêmeas que lhes passam constantemente a mão maternal pelo pêlo, o direito de exigir. Cada mulher tem o que merece.

Estou a ser radical? Estou. Mas não consigo respeitar quem se queixa do que permitiu e continua a permitir.

Eu por mim, que não alinho em hipocrisias, sempre que posso crio oportunidades para mudar a mentalidade das mulheres à minha beira. Defendo que esse trabalho deve começar "em casa", com as vizinhas, amigas, familiares, conhecidas, ou com quem quer que se cruze no nosso caminho. Antes de lançar leis bacocas de cotas e maternidades, ou ir debitar discursos na praça pública, vale a pena olhar para o lado ou, se calhar, para si.

Era isto, até ver, que me faltava dizer.

Babada

O Rodrigo é meu afilhado e tem dois anos e meio de inteligência digna da madrinha que os progenitores, vá-se lá saber porquê, escolheram. O Rodrigo é como eu, de modéstia não tem nada, está sempre a dizer: “O kiko é um menino lindo”. A culpa é minha e de outros tios-amigos que estão sempre a dizer-lhe isso. E é verdade. Não é o mais lindo, mas é lindo, como supostamente todas as crianças deveriam ser.

Não me sinto culpada por estar a “criar” um rapaz mimado e convencido, porque quando é preciso sou muito má para ele. Contrario-o como ninguém e deixo-o a chorar o tempo que for preciso para ele abrir os pulmões e cultivar a voz de homem. Palmadas no rabo já lhe assentei algumas e o meu marido, o padrinho, já disse que qualquer dia o pendura de cabeça para baixo... O Rodrigo é um bocadinho peste e sabe-a toda, é por isso. Mas o que realmente lhe constrói o carácter e o faz arrepender-se das suas pequenas maldades é mostrarmo-nos zangados com ele, ofendidos mesmo. O Rodrigo é sensível e pede “estupa”.

Não sei o que se passa na cabeça do Rodrigo de dois anos e meio. Não sei o que ele vê, com a perspectiva pelos nossos joelhos, do nosso mundo de crescidos. Vendo-nos de baixo para cima, o que pensará ele de nós?

Ontem, no entanto, ele brindou-me com um elogio que mais do que me fazer corar de vaidosa, me permitiu perceber que a consciência que o meu afilhado tem de nós, crescidos que acompanham o seu crescimento, é talvez superior ao que julgava. Ele topa-nos à distância. Reconhece todos os nossos contornos, posturas, atitudes, afinidades. Topa tudo.

Pegou numa revista daquelas de fim-de-semana, e quando olhou para a capa exclamou: “Pareche a Ana!” (parece, não disse que era, reparem...). A Ana? Perguntou a mãe. “Xim, a Ana. A madinha”. A minha “clone” é uma actriz de novelas brasileira, que de parecida comigo pouco tem... Mesmo assim, babei.

8.3.05

Dia da Mulher

Epístula de Santiago às Fêmeas

Minhas amigas, peguem nas vossas rosas e naquelas tretas que vos vão dar hoje no emprego ou na rua e deitem fora. Convidem um gajo giro para ir convosco àquele almoço só de mulheres que alguém do trabalho(provavelmente uma chefa muito contente pelo seu estauto laboral)resolveu hoje organizar. Ignorem as peças jornalísticas que vão abrilhantar o dia, com reflexões e entrevistas de rua perfeitamente banais. Em casa, preparem um banho de espuma e sirvam sexualmente os vossos maridos, ou quem se proponha a sujeitar-vos no seu lugar, e abandonem-se à vossa condição de mulher-objecto, porém com um objectivo muito concreto - prazer.

No dia 9, retomem o curso normal das vossas vidas. Flores, jantares com amigas, com amigos ou mistos, panos do pó, filhos, sem filhos, banhos de espuma, mandar o marido passear, passear com ele, não fazer ponta de corno em casa, ser fada do lar, levar o carro à revisão, dormir até tarde, levantar mais cedo para levar o pequeno almoço a quem dormiu convosco, ser mimada, mimar, abrir ou fechar... Minhas amigas, não há dias nem regras para ser mulher. E não, não são os homens os culpados do incumprimento dos vossos direitos... Ajustem contas com a vossa raça.

7.3.05

Será que vai ter consultório?

Júlio Machado Vaz tem um blog que se chama Murcon. O senhor é convencido e tem o hábito de se espreguiçar no sofá em frente às câmaras, mas não consigo deixar de gostar de ouvi-lo. Precisarei de medicação?

PS- Pelo que vi de comentários, já em grande número, o doutor arrisca-se a ser uma espécie de Pacheco Pereira da sexologia. Milhares à procura de uma citação que lhes resolva um momento de angústia.

Falam, falam, falam...

Tenho ouvido dizer:

- Na blogsfera toda a gente fala de sexo.

Na blogosfera, por enquanto, ainda é impossível fazê-lo. É por isso.

Certeza metódica

Tenho ouvido dizer:

- A malta dos blogues tem a mania que sabe tudo.

Na blogosfera até a dúvida tem a certeza escondida com o rabo de fora. Alguém duvida?

6.3.05

E é isto que eles pensam (2)...

A lésbica que há em mim

O meu lado feminino está a crescer lentamente. Felizmente está a revelar-se uma gaja muito parecida comigo.

in Vida de Doméstico

Cá está mais um gajo a sofrer a moléstia dos trintas... Ou melhor, da moléstia dos machos. Já agora, eu sempre defendi que gajo que é gajo... é lésbico.

E é isto que eles pensam...

- Tá-se mesmo bem aqui! Xi, olha aquela gaja tão boa...

- Boa? Até a mala lhe fecundava...

in O Asdrúbal

A realidade: A diferença entre um gajo indecente e um gajo com piada é que o primeiro diz estas barbaridades em voz alta, o segundo só as confessa no blog. Ó Asdrúbal, já te safaste!

Ela não sabia, mas estava a ser observada - Cap. III

Ver capítulo anterior

O Hotel

Os cartões de crédito e a conta bancária estavam a abarrotar de dinheiro. Ir para o Tivoli ou para qualquer outro hotel caro de Lisboa não era problema, aliás, no momento Júlia não tinha problemas nenhuns. Pela primeira vez a sua vida estava a zeros, e o contador só agora começava a dar sinais de alguma impaciência. Ainda atordoada pela visão do edifício do Diário de Notícias, pegou nas malas, dirigiu-se ao quiosque mais próximo e pediu à senhora enrolada numa manta, gelada pelo frio de Fevereiro e pela falta do calor humano de clientes, que lhe guardasse as malas. "Não é incómodo nenhum, mas fecho às sete. Eu até devia era fechar mais cedo. Tabaco cada vez vendo menos, dos jornais ninguém quer saber. Já está tudo farto dos políticos sabe?!". Sabia.

No átrio do Tivoli era grande o alvoroço. Nos sofás amontoavam-se casacos e sucediam-se os seus ocupantes numa grande agitação de máquinas fotográficas e telemóveis a soar músicas da moda. Atrás de si uma miúda nos seus vinte anos deixou cair a mala e estendeu-se no chão imaculadamente limpo, com grande espalhafato. Enquanto a ajudava a apanhar o pacote de lenços de papel, o maço de tabaco, a caneta, a agenda e mais uma série de tralhas que tinham caído do enorme saco da Parfois, Júlia observou o rosto dela encarnado e em visível desassossego, e emocionou-se com a urgência de vida que aquela criatura emanava. Olhou para o lado e viu uma série de sapatilhas coloridas a correrem, e compreendeu, enquanto se levantavam ambas, que a rapariga devia pertencer à romaria de ténis; a única diferença era que trazia umas botas de salto alto, e uma saia com uma pantera cor-de-rosa. "Oh.. Obrigada! Por acaso não sabe se eles já chegaram?!". Eles eram o actor Jude Law, o cantor Robbie Wiliams e o realizador Steven Spielberg. Júlia correu ao balcão para ver se ainda havia quarto. Pelo visto, tinha escolhido o hotel mais concorrido de Lisboa.

4.3.05

Má educação

Sou talvez das bloguitas mais mal educadas que aqui andam. Não agradeço quando me linkam, não deixo comentários só para retribuir visitas e não me sinto obrigada a desejar Bom Natal, por exemplo.

Também não sei se isto é um defeito assim tão grande, mas não tenho paciência para esse tipo de cortesias, embora admire e aprecie quem tenha.

A única coisa que posso dizer é que fico com um sorriso de orelha a orelha, e uma felicidade subtil na ponta dos dedos, quando me linkam e quando descubro novos leitores, que por sua vez me dão a conhecer os seus blogues e, através dos mesmos, a existência de outros egos bem medidos. São essas supresas um dos mais gratificantes retornos deste enleio que é a blogosfera.

A todos os que me lêem, obrigada! Aos que me linkam, obrigada! Aos que não gostaram do que leram, voltem sempre (provavelmente os astros não estavam favoráveis) e obrigada se reconsiderarem...

Eu pouco comento, mas ando sempre a bater-vos à porta.

Para a M. (à atenção da F. e da R.) e vocês sabem porquê

Sei que vos vou dizer isto assim que estiver convosco, mas antes que seja tarde...

A última certeza que adquiri na vida é talvez das mais ambíguas e perturbantes entre todas as que me atrevo ainda a ter. Quase intolerável e outro tanto compensador é saber que à nossa volta nunca param de surgir pessoas que podemos amar.

A aparente ligeireza e até mesmo leviandade do que vos digo serve apenas para perceberem que o sofrimento que infligimos a nós próprios, por exigirmos a limitação de mandatos no nosso coração, deveria ser dispensável. Não é. Dificilmente alguém o poderá dispensar. Mas reconhecer que a infinita capacidade de amar é uma certeza, apenas reconhecida quando por ela se passa, é já meio caminho andado para aliviar a nossa passagem pela carne.

Desta vossa que tem a mania que sabe tudo.

Coisas simples que a TV nos ensina

- Não tens de concordar comigo, só tens de ser meu amigo.

in episódio "Os Trintões", Sic Mulher

Carmona Rodrigues

Desculpem lá a repetição, mas há coisas que eu não me canso de dizer:

Por razões várias, que implicam com a minha integridade profissional, tenho-me abstido quase sempre (com um ou outro descuido medido) de falar dos nossos políticos. Além disso, a blogosfera está cheia de posts sobre eles, e na maioria das vezes por gente muito mais avalizada do que eu.

O ano de 2004 mostrou o pior e o melhor de alguns dos eleitos, ou em vias de o ser, e o pior e o melhor dos portugueses. Só vou falar do melhor:

Sente-se um certo retorno dos portugueses à causa pública. Eu sinto. Com mais ou menos "bacoradas" proferidas pelo meio, o povo levou um abanão e agita-se em redor de questões que pesam no seu bem estar, enquanto portugueses de Portugal e não de um país qualquer da Europa que leva esse nome. O percurso é longo, mas acho que metemos já os pés a caminho. Espero não me enganar.

Talvez o próximo ano prove também a mais valia que representam para o país os "não políticos" que por vias diversas vêm a calhar na "coisa pública". Em Lisboa, designadamente, um deles pode vir a ser o "não político" que melhor política de cidade poderá fazer. Se o deixarem, Carmona Rodrigues, que a maioria dos lisboetas desconhece ainda, tem tudo para ser um execelente presidente de câmara. Espero não me enganar.

Post "Políticos", publicado em 31 de Dezembro de 2004

Insónia

O mais grave da insónia é imaginar que os lençóis e as almofadas sufocam o descanso do corpo que não sossega. É saber de cor a tortura de uma cama para dormir o sono que quanto mais pressionado mais tardio... É uma m... E depois querem que eu seja normal. A partir da barreira das 3 da manhã já não é feitio biológico, é Karma.

Não sei onde tenho a cabeça...

... que ela não bate com a escrita.

Quando leio o que escrevo sabe-me a pouco,

porque de tão pouco me soube pensar

se afinal aquilo que escrevi foi só o que veio a calhar.

Não sei onde tenho a escrita,

que só me põe a pensar.

Só não a perco porque está agarrada à cabeça e odeio ter de a descansar.

Ai quem me dera nunca parar de pensar.

E assim ando no ar.

A escrever tonterias.

2.3.05

O complexo Bjork

Sempre que passo pela Sic Mulher vejo esta rapariga a tocar harpa e a cantar com uma voz de mimo esganiçado, vestida como uma daquelas bonecas de porcelana de olho arregalado.

O nome da canção de todos os intervalos do canal rosa é "Sprout and the Bean". A menina cantora chama-se Joanna Newsom (e não Joann Newson como aparece na legenda do video-clip) e o álbum que por aí anda a consumir quem aprecia o género "atormentado contemporâneo" intitula-se "The Milk-Eyed Mender".

Para os fãs ou curiosos, dia 21 de Abril a Joanna está no Lux, em Lisboa.

Ela não sabia mas estava a ser observada - Cap. II

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A chegada

Ao fim de duas horas à espera da bagagem vazia, Júlia, com enfado, arrastou-se até à saída. O aeroporto da Portela continuava com o mesmo ar provisório e provinciano de sempre. Quantas vezes já esteve em obras? Pensou. A única vantagem é que estava a poucos minutos do centro da cidade. Não sabia ainda para onde ia, mas o centro de qualquer coisa é sempre a melhor opção.

"A menina não é de cá? Está com sorte, o tempo está bom, pode ir até à praia da Ericeira ou até à Caparica...". Não podia apanhar sol, disse-lhe, com uma voz mais de vítima do que de mau humor. "Ó(u) então vá até à Expo, aquilo ficou muito jeitoso, muito arejado. Ainda me lembro de como aquilo era. Lixo, era o que era, cheio de contentores". O taxista, velhote e simpático, não se calava e Júlia tinha o péssimo hábito de não conseguir ser indelicada com quem não tinha a culpa de nada. Ainda lhe conseguiu dizer, antes de pagar os 11 euros, que tinha gostado muito da Expo, mas as filas eram muito grandes. Inevitável. Pouco mais de duas horas na capital depois e já estava a dizer disparates banais, quando a sua especialidade eram os disparates originais... Noutra altura teria respondido que o que mais tinha apreciado na Expo fôra ter conhecido o Filipe e exibido a t-shirt molhada num daqueles repuxos coloridos...

O táxi deixou-a ao cimo da Avenida da Liberdade, junto ao edifício do DN, onde o Filipe trabalhava como fotógrafo. Tinha sido num dia como aqueles, em que Júlia acordara do avesso e com um desconforto no corpo que lhe inquietava as atitudes, que Filipe tinha caído de uma grua enquanto fotografava um novo empreendimeento imobiliário no Chiado. Chegara morto ao Hospital. Quando Francisco, o pai dele, chegou às Urgências já Júlia tinha decidido nunca mais voltar a Lisboa. A seguir ao funeral, tinha ido direita à revista onde estagiava e feito aquilo que Filipe sempre a aconselhara a fazer - bater com a porta. Nesse dia tinha batido também com a porta a uma vida com Francisco e com tudo o que a relacionava com um ano confuso e ambíguo. Sete anos depois, talvez a porta tivesse ficado apenas encostada.

1.3.05

Pensamentos in vitro 9

Porque é que não há mais mulheres na política?

Será que as mulheres se sentem mais atraídas por homens com poder, do que pelo poder dos homens?

É tudo uma questão de utilidade. A política que existe, muito provavelmente, não serve para nada. De inutilidades necessárias estão as lojas cheias.

Os "gajos-gaja" e as "gajas-gajo"

A palavra gajo(a) era até há poucos anos feia e dada a adjectivações ordinárias. Nas últimas vagas de linguagem, 'gaja'(o) virou quase adjectivo e tem até o seu quê de sincero e de frontal, e até de carinhoso.

Dizer que uma miúda é muito gaja, é o mesmo que dizer que é muito feminina. Dizer que um gajo, lá está, é muito gajo, significa que tem todas as características de macho, sem ser necessariamente parvo. Porque há, ainda bem, coisas que são tipicamente gajo, e coisas que são tipicamente gaja.

E toda a gente sabe do que estou a falar, vai desde a tampa da sanita para cima, até ao saldo do cartão de crédito para baixo...

Recentemente dei comigo, coadjuvada pelos meus compinchas gajos e gajas, a atribuir novas variantes na categoria amor, o que talvez possa contribuir para a compreensão dos muitos homens e mulheres que têm dificuldade em sobreviver nos jogos de lego com que ainda nos entretemos, a tentar encaixar-nos uns nos outros (salvo seja).

Falo dos "gajos-gaja" e das "gajas-gajo". Estes seres sofrem. Duplamente. Compreendem melhor do que ninguém os outros, mas raramento o contrário acontece. Eles seguem todas as tendências do seu sexo, mas acumulam as mais perversas e retrocidas preocupações do sexo oposto.

Por exemplo, um "gajo-gaja", além das supostas necessidades básicas à sobrevivência do seu género, como dever ser um potencial devorador de mulheres, acumula a sensibilidade e as exigências típicas de uma gaja - no amor sentem o arrebatamento, a saudade, o rompimento, a despedida, as discussões, tudo, como uma gaja. Eu que sou uma sei do que falam - nós somos complicadas! Tenho amigos homens que são "gajos-gaja". Normalmente, tento a ajudá-los a lidar com as mulheres. Normalmente, dão-se mal.

Por seu turno, uma "gaja-gajo" está condenada a que a julguem uma porca, uma desvairada, uma oferecida. No mínimo. Eu não sou uma delas, mas invejo as minhas amigas que o são. A maneira como se interpretam e existem nas relações devem-na a uma força masculina, elevada à potência feminina que a natureza lhes deu. São, por isso, imbatíveis. Não lidam com as habituais mesquinhices de gaja, sabem onde está o fim e o início de cada relação, vivem o meio com a intensidade e o empenho que a mesma exige.

Tenho para mim, até por via das confidências que as minhas amigas "gajas-gajo" me vão fazendo, que há por ali também alguma desilusão. A consciência disso desvia-me um pouco da inveja que delas tenho - afinal, a simplicidade das das coisas não nasce do nada, nasce do caos e da turbulência... As "gajas-gajo" não têm a vida fácil, sofrem o maior dos conflitos internos, quando à porta das hormonas bate o sentimento, esse tipo que não tem sexo.

No fim de tudo, tudo acabará por dar no mesmo - há sempre peças neste Lego que não encaixam.