16.3.05

Festa

Moulin de la Galette, Auguste Renoir

Se eu pudesse entrar dentro de uma pintura seria nesta. Renoir pincelou um ambiente de festa com a cor e a vivacidade que qualquer manifestação de divertimento deve ter.

É verdade, nasci para a festa.

A sensação que recolho deste quadro pende-me o carácter para a minha faceta criminosa. Apetecia-me roubá-lo e escondê-lo num gigantesco salão de baile, com um bar mais barroco que impressionista, uma bola anormalmente grande de espelhos a pender do tecto alto, cadeirões e sofás com fartura para todos se espojarem, aqui e ali comidas pecaminosamente confeccionadas por um chef de bigodes pretensiosos, velas brancas a queimar o ar, músicos contratados à escala dos meus top’s, e convidados, muitos convidados sem favor, a rir, a desconversar, a confidenciar, a seduzir.

E a obra de Renoir lá estaria, numa dimensão paralela. Os convivas dele a desejar os meus e vice-versa.

Impressões destas fazem o meu dia.