30.1.06

eles sobre elas

Há um programa na Sic Mulher que me dá nervos. A ideia era boa, mas os homens do "Eles sobre elas" não falam sobre elas. Falam sobre eles, sobre tudo e, geralmente, sobre nada de jeito. Os quatro escolhidos (terá sido o Penim?) estão manifestamente pouco à vontade e nunca, nunca vi um programa (também não os vejo todos) que reproduzisse uma verdadeira conversa de homens sobre mulheres. Como é que eu sei o que é uma verdadeira conversa de homens sobre mulheres?... Não sei, mas tenho as minhas fontes. As fontes enganam, é certo, mas se eu mandasse no canal rosa arranjava logo alternativas que poderiam iludir muito melhor a audiência.

Dizem-me que seria uma tarefa difícil, que não há homens interessantes que em público queiram falar sobre mulheres... Não há? A sério?... Se calhar é verdade. Dizem-me também as minhas fontes que as conversas deles são, na maioria das vezes, pouco elegantes e escondem-se sob o selo da inviolabilidade, portanto tudo o que viessemos a conhecer não passaria de versões comerciais e mal adaptadas.

Há ainda quem defenda que as conversas do clube "menina não entra" se resumem a atalhos curtos e grossos sobre as curvas e as medidas femininas, sem sentimentos que cruzem a auto-estrada dos homens para o sexo. Será?

E serão as mulheres mais despudoradas na conversa? E não haverão por aí versões piratas das conversas deles?

E quando é que eu saio de vez da idade dos porquês?

Pista - Ir aos blogues masculinos. Ainda agora descobri uma filial do FBI...

28.1.06

always look to the dark side of life

27.1.06

e à escrita diz a heresia

falta de ambição

Ninguém acredita que, no Euromilhões, jogo para o segundo prémio. Mas é verdade.

pensamentos in vitro 23

O medo é bom conselheiro. Às vezes, não o tenho suficiente para ser corajosa.

26.1.06

aeroporto

É nos aeroportos que me sinto verdadeiramente livre. Talvez porque são lugares órfãos, ou porque a estadia é transitória, ou ainda porque ali a contagem dos dias e das horas excede os normais regimes quotidianos de vivência.

Já em criança delirava quando tinha de ir esperar ou despedir-me de alguém, imaginando em paralelo os lugares e os lares de origem de toda aquela gente com passagem adiada, por umas horas, para o normal percurso das suas vidas.

Às vezes oiço falar dos loucos que vão a velórios de pessoas que nunca conheceram, ou que passam dias inteiros nos tribunais, ou até em cerimónias de casamento.

Se algum dia a loucura oficial me assaltar, vou para o aeroporto mais próximo.

25.1.06

pensamentos in vitro 22

As palavras escritas são como os homens.

Algumas percorrerem-nos o corpo de mansinho, como o sopro quente exalado pelas narinas e pela boca semi-aberta de um homem que nos deseja. Outras desconsolam-nos pela insipidez e desconcertante falta de personalidade, como os homens cujas linguagens verbal e corporal arrasam qualquer desejo de proximidade.

O pior é a escassez de neologismos. O melhor é que ainda há boas coincidências, entre a escrita e os homens.

conflitos de agenda

Logo hoje que marquei cabeleireiro, à mesma hora! Quem puder que vá e depois me conte.

24.1.06

a ha... e eu que gostava tanto do teledisco

próximas estreias

Anda-me mesmo a apetecer escrever um post sobre as virtudes da poligamia.

O meu marido já sabe, o pior são as minhas amigas que não conseguem entender esta minha ideia antiga.

(sobre)vivência

"Eis as instruções: nada de melancolia. É preciso encontrar o oposto desse sentimento. Se o melancólico é aquele que tem uma obsessão com o tempo e com a passagem do tempo, então façamos o contrário. O contrário é talvez gostar de ver o tempo avançar como quem gosta de ver o trânsito lento das nuvens ou o crepitar das chamas numa salamandra. É trautear 'Always Look to the Bright Side of Life' mesmo quando se está muito, muito triste. É fingir que é sábado quando é segunda-feira. Entro então no espírito do sábado: nada de melancolia. Mesmo que o produto proibido circule muitas vezes em contrabando."

Pedro Mexia, in Notícias Sábado (DN) de 14 Jan '06

Se a escrita fosse a única forma de comunicação humana, a aproximação seria sempre suave e a sintonia, mesmo na diferença, uma constante.

23.1.06

the boys are back in town 3

Esse cavalheiro anda a dar bengaladas...

A Uma é oferta cá da casa.

ouvido ontem...

"Eu era relativamente nova quando Mário Soares ganhou o primeiro mandato. (1986)"

Ana Drago, TVI

"Qual é o estado de espírito do seu pai?"

pergunta de uma jornalista da SIC, em directo, a João Soares

"A família de Cavaco Silva começou a sair de casa... sim é isso... e agora saiu uma tia... a seguir vêm crianças..."

jornalista da TVI, em directo junto à casa de Cavaco Silva

20.1.06

arquivos

Costumo dizer: Diz-me o que arquivas e dir-te-ei quem és.

Eu, por exemplo, deito tudo fora, detesto ter coisas em casa que não uso e jamais farão falta. As acções de limpeza de papéis, roupas e demais objectos fora do prazo dão-me o gosto de estar a pôr ordem na casa e na vida. Só há uma coisa que sou incapaz de arremessar para o lixo - cartas e postais. A palavra escrita é sagrada e os seus autores, ainda que da maioria desconheça já o paradeiro, são ainda mais sagrados.

Ontem vim a confirmar uma suspeita. Eu já sabia que a minha amiga G. guardava ainda bilhetes de concertos da faculdade, mensagens que escrevíamos nas aulas uns aos outros, bases de copos autografadas nas noites de boémia, etc... Ontem confirmei que também arquiva e-mails! Enviou-me uns datados de 2003 (!), que trocámos por causa de uma noitada que estávamos a organizar com especial cuidado. Sob o lema: "As nossas conversas não mudam nunca...", revi-me divertida, e até emocionada, nas parvoíces inocentes que relembram a faculdade, conferem com o presente e são, na certa, um pronúncio do futuro.

Lá estava eu a mandar no que elas, as interlocutoras e convivas da tal noitada, deviam levar vestido, dos pés às orelhas.

Pelo que a G. arquiva, o que posso dizer? Que a G. está ali para nos recordar que a juventude, tal como a amizade, são eternas.

Agora estou ainda muito mais descansada... Posso continuar a deitar tudo fora, porque quando precisar vou aos arquivos da G.

PS - Para o arquivo de imagens conto com a R. Prometo que nunca mais refilo com a mania de andares sempre com a máquina atrás e até me disponibilizo para uma sessão especial.

19.1.06

direitos de autor

Bebés, mariscos bivalves, combinações rendadas, ressacas e crises de vesícula com pouco mais de dois gins (ou três, vá), sonhos com bailes de máscaras... Este é mesmo um blogue de gaja. Se todos os homens têm um lado feminino, onde raio anda a minha quota masculina? É por isso que não acredito na igualdade dos sexos.

18.1.06

se NY usa, eu também quero

Elizabeth Taylor em Butterfield 8 Reese Witherspoon no filme Walk the Line

Eu sabia que a combinação havia de voltar... Eu quero uma cor champagne, se faz favor! A cor champagne também voltou, claro.

the boys are back in town 2

E eu que adoro cadelinhas... Sim, se o blogue fosse meu chamava-se "hoje há cadelinhas", mas só podia ser compreendido por gente oriunda de terras acima de Sesimbra.

Mas conquilhas sejam, desde que bem apuradas... Welcome back, como se diz no Algarve! (pura provocação...)

ninguém a compreende

in El mundo de Mafalda

Nasceu ontem e não é uma recém-nascida normal. Ao fim de três horas cá fora, pensam que estava de olho fechado como os outros? Nah... Arregalada e cusca, a mamar como se não houvesse amanhã e a dar conta de tudo o que se passava (as bruxas do costume, tias infernizadoras da maternidade) à volta dela.

O mano, Rodrigo, ofereceu-lhe um elefante (a T. diz que é altamente freudiano) de pano, e ela deu por isso, mas abandonou-se de seguida ao que lhe interessava no momento: a pré-ceia, lanche ajantarado, entrada, cocktail, sei lá eu, que das horas da mamada não dá a etiqueta das refeições conta...

A Mafalda, capricorniana retorcida, vai levar a vida com um olho na lua e outro na terra. Equilibrada e a dar lições a toda a gente. Para começar, nasceu sem dar tempo à epidural, que essas modernices só amolecem as mães... A mãe, my darling F., está bem de saúde e nem sabe o que a espera. A Mafalda?... Jamais haverá quem a compreenda. Deus nos ajude.

Os dados do costume: Sim, é linda. Nasceu com mais de 3 quilos e 500 gramas, no dia 17 de Janeiro de 2006, em Lisboa. Algumas pessoas dizem que é parecida com a mãe... E eu sou uma delas.

porque a minha cabeça ainda está a chocalhar e as ideias dos outros são mais giras

Nunca hei-de perceber o fascínio que as mulheres têm com a voz deste ou daquele homem. É só uma voz - não faz mais nada.

Eu também não. Só dou pela voz do homem se for má. Se for boa, ou de bronze como costumo dizer, não faz mais do que a sua obrigação.

the boys are back in town

Vão já direitinhos ali para a sociedade indiscreta...

The Sock Gap... Lindo. Da série "Coupling" claro!

durante uns tempos...

... vou-me abster disto.

13.1.06

6ª 13

Gold Country Artists Gallery

Ainda estou à espera que alguém organize um baile de máscaras para eu poder usar esta fantasia...

"Who's afraid of the big bad woolf?"

12.1.06

confissões de pós adolescentes

Telefono ou não telefono? Ele(a) telefona? Quando é que ela(e) telefona? Mando um sms ou telefono? Espero que ele telefone? Caramba, nunca mais telefona! Não há nada pior que já não ter idade para fazer figura de parva(o)... O mal foi daquela frase: "Não vá, telefone".

pensamentos in vitro 21

O homem não se importa que gostem dele apenas pela sua inteligência. A mulher é tanto mais inteligente quanto melhor disfarçar a angústia de saber-se amada apenas pela sua cabeça.

10.1.06

a lei do silêncio

Tive duas namoradas pelas quais me apaixonei porque me deixavam falar.

Depois de ler o post no Classe Média envergonhei-me um pouco, confesso, depois reajustei logo os meus códigos e continuei na minha - Os homens gostam de ser ouvidos.

Posso a partir daqui revelar-lhes uma pequena parte de um dos segredos mais bem mal guardados do mundo - de que falam as mulheres quando reunidas em conselho? Eu costumo dizer a algumas amigas sem namorado para ficarem um bocadinho caladas, caso contrário eles não dão a mínima hipótese e fogem. Eu explico, se uma mulher apanhar pela frente um homem que fala, fala, fala, ela dá-lhe o benefício da dúvida durante uns tempos, na esperança que após a conquista ele sossegue e então passe a ouvi-la também. O que interessa, a curto prazo, é "apanhá-lo". Juro, as mulheres no início nem querem saber, não medem o tempo do uso da palavra, ocupadas que estão a quantificar outras coisas, como o número de suspiros que lhes provoca a criatura. Se o mesmo acontecer no inverso, o homem parte imediatamente para outra audiência mais bem comportada e atenta. E assim é o homem, que dizemos pouco sensível...

Esta é a versão crua, espécie de manual com directrizes curtas e grossas para enfiar juízo na cabeça das amigas.

A versão sensata e serena... Saber ouvir é das qualidades mais atraentes num ser humano. Quando genuína, significa que queremos mesmo absorver o outro, aprender com ele, crescer. O silêncio pode não ser de oiro, que só brilha, se puder ser de aço inoxidável é bem mais fiável.

os homens dos blogues

Muito se tem escrito no feminino sobre os homens por detrás dos blogues. Eu também dou por mim a imaginá-los e, sempre que isso acontece, lembro-me sempre daqueles rapazes da turma do secundário a que nenhuma rapariga ligava, ou porque eram marrões, ou porque não sabiam jogar à bola, ou porque usavam as camisas apertadinhas que as mães escolhiam. Eram geralmente esses que coravam e se entaramelavam todos na presença de uma rapariga, com os óculos embaciados ou a tentar, inutilmente, ajeitar o cabelo muito penteadinho.

Tenho, ao longo dos anos, reencontrado esses mesmos rapazes no Bairro Alto ou numa qualquer circunstância profissional. Agora são eles que nos põe as faces encarnadas e nos fazem gaguejar. O estudo em que se aplicaram na adolescência deu os seus frutos e as dissertações filosóficas que outrora me despistavam hoje atraem-me. Crescemos todos, é certo. Eles voltaram a seu favor as propriedades adversas ao estado cool que perseguíamos na época, nós reaprendemos a classificar o estilo masculino em tantas formas de estar que ficámos a ganhar em matéria de escolhas.

Eu acho que nos blogues masculinos que por aí andam também tenho reencontrado alguns desses rapazes. É uma ideia que eu tenho...

6.1.06

post anti-pirataria, feira de Carcavelos, Relógio e congéneres e anti os que lá vão comprar lagartos e Ralph Lauren para sair no sábado à noite

O Cidadão do Mundo andou a dissertar sobre a pirataria de CD's e DVD's, e à conta dele lembrei-me de um post que já andava para fazer há uns tempos sobre a minha repulsa pela dita pirataria e outras coisas que me enervam e dão cabo da economia, à conta da tradição nacional pindérica de exibir bens de consumo de marcas de prestígio...

Ontem, o meu amigo X (nem sequer uso aqui a inicial do seu nome, porque não vou entregar um amigo às autoridades) disse-me que já tinha sacado da net o último filme do Woody Allen, o thriller com o Clive Owen e a Jennifer Anniston, e mais não sei quantos que ainda não estreram em Portugal. Agora, lá deve estar ele a ler umas legendas de merda refastelado no sofá, todo contente porque vai ver antes de toda a gente e, ainda por cima, poupou uns trocos. X, pá, gosto muito dede ti, mas nesse capítulo enervas-me.

Sou contra isso, já sabes, ainda ontem te disse e não penses que te vou pedir emprestado esses Cd's manhosos. Aguardo pela minha sala de cinema, onde tu também costumas ir, é certo, se calhar até mais do que eu... Por isso não entendo como desrespeitas assim os direitos de autor de um arte que tanto prezas. Mas pronto, continuo a ser tua amiga.

Eu se não posso comprar o DVD original, não compro o pirateado, espero por melhores dias ou pelos saldos da FNAC. Mas também sou cúmplice. Ainda no outro dia prometi que trazia as séries todas do "Sexo e a Cidade" a uma amiga para copiar... Fazer o quê? Ser tinhosa? Não me apetece, nem tenho moral para fazer contas ao dinheiro e apetites dos outros.

Também conheço quem vá comprar t-shirts, jeans, camisolas, adereços e afins de marcas xpto às feiras ou a uns comerciantes porta-a-porta... Alguns desses artigos até são originais dizem-me orgulhosos os compradores. E depois? São originais e são roubados. Será que não percebem como isso afecta a economia do país e lixa a vida a comerciantes honestos e cumpridores dos PEC, das rendas das lojas e da segurança social dos empregados? Não percebem.

Desculpam-se que não têm dinheiro para adquirir esses artigos nas lojas. Pois se não têm dinheiro fazem como eu - compram nas Zaras e companhias, Lanidores e Massimos, compram nos saldos, mandam fazer na costureira, sei lá. Eu prefiro ter umas calças marca Zara (é que toda a roupa é de marca, sabiam?) verdadeiras, do que umas D&G roubadas ou com o logotipo a cheirar a armazém dos arrebaldes. Jamais compraria um Rolex na rua, prefiro um Swatch ou mesmo um daqueles da Parfois verdadeiro no pulso.

Bolas, não têm dinheiro vão à H&M onde já vi calças a 12 euros. Não têm dinheiro comprem no Jumbo, já lá vi coisas que não envergonham ninguém. E as feiras também não têm só produtos roubados ou de contrafacção, creio que há lá roupinha barata dentro da lei.

Mas é vê-los, os lagartos, os cavalinhos, os xadrezes, os dourados exuberantes, e que mais símbolos de riqueza saloia com cheiro a vergonha da conta bancária, a povoar as noites, os dias e os meus pesadelos de cidadã que, já agora, também não entra nas lojas dos chineses.

o fim, sempre à mão

A palavra de maior inevitável uso e abuso é a palavra fim. O fim é a única certeza na vida, bem assegurado que está pela morte.

Todos os dias morre qualquer coisa ou alguém, e das coisas que finam nem sempre a morte é vencedora. Às vezes, muitas até, o fim é o renascimento do corpo e das vontades noutro estado de alma qualquer, bem melhor ou simplesmente diferente.

Espero que seja o caso dos autores de dois blogues que por estes dias de ano novo decidiram dizer adeus aos posts, que sempre li com particular regularidade. São eles, bem diferentes entre si, a Quarta Ferida Narcísica e a Espiritual Virtual.

Ao Samuel, ao Rui e ao Edgar desejo que tenham curado a ferida e, narcisistas ainda, continuem brevemente noutro URL apetecível às minhas descodificações caseiras.

Ao Tomás, aguardo o regresso sempre em espiral da análise da política e dos costumes, e um bocadinho de arte também... E tem razão, há demasiados blogues politizados armados ao pingarelho na blogosfera lusa, mas esses teimam em não escolher o fim.

5.1.06

outras "amigas" giras

... aqui.

Tópicos de leitura daquele blog e algumas verdades contestadas:

- As mulheres gostam de ver mulheres.

- Muitos homens queixam-se do facto de quando acompanhados de uma mulher as outras olham primeiro para ela, tiram-lhe as medidas e só depois olham para eles.

- As mulheres gostam de se comparar e gastam, tantas vezes, mais tempo a dissertar sobre os defeitos das outras do que a apreciar os homens à sua volta. Na próxima vez que sairem à noite vejam lá se isto não é verdade...

- Uma mulher nua continua a ser mais bonita que um homem nu. Sim, depende do homem e da mulher, mas mesmo assim... Quantos blogues conhecem sob o lema: E Deus criou o Homem?

- Os corpos femininos perfeitos podem ser um estímulo para quem está a ganhar coragem para ir ao ginásio e fazer dieta. Ou acham que aquilo tudo se consegue sem sacrifício?

- Quem nunca teve inveja destas mulheres que atire a primeira pedra. A inveja pode ser muito estimulante.

- E sim, a beleza feminina deve ser sempre apreciada. Eu vou ver este blogue de vez em quando... E Deus também me criou a mim.

4.1.06

amigas giras 2

A T. foi a minha primeira amiga a ir viver com o namorado. Na minha geração e dada a formação católica de base, ainda que pouco praticante na maioria das famílias dos meus amigos, era coisa que ainda chocava a moral do grupo de meninas bem comportadas a que sempre pertenci.

A T. casou depois, meio ano mais tarde do que eu. As duas somámos o recorde de "salto para a piscina sem medir a profundidade da água", mas também não metemos nem mais um litro, nem a fizemos transbordar, apenas com ela salpicámos quem se abeirava da nossa felicidade hesitante entre as contrariedades da vida e a ambição de um futuro que era em larga medida muito maior que o laço matrimonial. Tivemos sorte, nunca ficámos verdadeiramente atadas. O laço sempre foi, graças a Deus, bastante elástico e ajustável aos nossos escapes. A T. e eu partilhamos o fraquinho pela manutenção saudável de escapadelas sem crime. Costumo dizer que de todos os maridos das minhas amigas, o único que alguma vez poderia ser também meu marido é o da T. É um querido.

A minha amiga T. conseguiu, contudo, superar todas as minhas amigas numa coisa. Foi a primeira a ser mãe. Ainda a cimentar a relação de fascínio com os anos vinte, em que tudo é suposto acontecer para preparar um futuro profissional radiante, a T., e secretamente à distância eu com ela, pensou então que um filho iria ser um entrave aos seus sonhos que de pretensiosos já na altura nada tinham.

Não foi. E essa é a sua maior conquista. A T. tem uma filha linda e posso dizer, sei que ela não me desmente, que tudo o que de bom lhe aconteceu, aconteceu depois de ser mãe. O segredo de uma carreira de sucesso, longe dos holofotes porque a T. não está para aturar merdas, reside na força que ganhou com a maternidade e que lhe permitiu não deixar nunca de agarrar as oportunidades que lhe foram surgindo, sem lixar ninguém e sem calculismo. E ficou mais bela também.

O caminho nunca foi fácil, mas a T. consegue como ninguém proteger a filha de qualquer responsabilidade nessa matéria. A filha da T. não é um empecilho ou uma limitação, é apenas aquilo que deve ser para uma mãe, o que significa que é aquilo que a T. considera que deve ser. E basta.

Não é pela idade com que a T. foi mãe que eu aqui evoco o recorde da maternidade, caso contrário estaria em concorrência com um sem número de adolescentes a braços com um brinquedo vivo, mas pela maneira como continua a embalar o seu presente - ao ritmo das batidas do seu coração acelerado, em compasso com o mundo inteiro, cheio de oportunidades e escolhas.

É, em parte, por causa da T. que eu sei que vou ser mãe um dia, quiçá de uma menina... Há um mundo inteiro que eu lhe quero mostrar.

pronto, pronto... já passou

Como me disse a Lolita:

"Felicidade é continuarmos a desejar aquilo que temos." Santo Agostinho

Voltei ao template paterno. Contentes? Parem com os telefonemas.

Agora estou a arrumar aqui o lado direito.

3.1.06

blogger.com procura design

Já estou fartinha destes templates...

Optei pelo mais simples, sempre chateia menos...

o verdadeiro espírito de ano novo

Acabei, nem sei bem como, de apagar metade dos links.

Estou calma. A seguir a ter dito m... Pensei: É porque está na hora de mudar o blogue.

2.1.06

amigas giras 1

Pode um antigo defeito virar motivo de orgulho? Não sei, estou só na fase experimental. Espero um dia vir a dizer: "Afinal não é defeito, é perfeito!"

A Roxanne d' O Suave Milagre escreveu sobre a sua indomável farta cabeleira loira. No mesmo post, fala de uma antiga lista que me mostrou na faculdade, quando nos conhecemos, com os seus 25 defeitos físicos. Lembro-me de, caloiras destravadas, quase termos sido expulsas da aula de Introdução ao Direito por incontinência do riso quando li, a meio da lista, a seguinte falha genética: "Tenho menos uma falange nos dedos".

Minha linda, se agora estivesse numa aula era expulsa de certeza. A lembrança da tua lista fez-me contorcer de riso esta tarde.

um falso post sobre o Johnny

Dear John Christopher Depp,

tu personificas todos os homens que passam nas perpendiculares e paralelas vias da minha metropólica vida, com direito a desfilar, mas "don't even think of parking here", como se lê em Nova Iorque. Gosto de te ver. É isso. Suspeito com muita certeza que também havia de gostar de te sentir. Também é isso. Olha tu fazes-me corar. Eu até gosto de corar, embora diga o contrário.

Nunca consegui entender o que leva as mulheres, e eu às vezes com elas em segunda voz para não parecer mal, a dizerem que os homens são todos iguais. Não são, tu não és, mas eu não estou a falar de ti. Eu só estou a usar-te, isso ficou logo bem esclarecido quando te devotei a minha paixão naquele dia no cinema, lembras-te?

Gosto de ti. Deixa-me ser repetitiva. Vá lá, há palavras que nunca são excessivas. Gostar é uma delas. Gosto, gosto, gosto. Embora saiba que não há gosto que nunca acabe em desgosto. É a vida. A minha não pára de se expandir. Gosto (aqui está) de pensar que sou uma cidade grande, às vezes refinada e sofisticada como Nova Iorque, outras desorganizada como aquelas do terceiro mundo que abomino. Há sempre um tijolo para subir o morro da favela e mais um loft para encher a avenida. Já me acostumei. Respiro o tubo de escape e não gosto nem um bocadinho do oxigénio dos pinheiros ou da areia do deserto.

Com a minha cabeça feita urbe, o betão não me tolheu os sentidos. Não me venham com a história do deserto e da paisagem a Sul, com o céu e a terra medidos em cheio. Nos meus horizontes sobrecarregados nunca consegui deixar de ver quem passa. Não entendo, por isso, quando as mulheres dizem que os homens são todos iguais. Todos os dias os vejo diferentes. Há uns que não têm nada a ver contigo. São tão apagados. Esses quase que os atropelo na passadeira, não é por mal, é porque tornam-se invisíveis. Outros... Bem há homens que são como tu. É verdade. Não saíram na People como "The sexiest man alive" porque eu não sou a editora.

São eles traçados ao alto ou mais ao baixo, a lápis nº 2 ou por pontas afiadas a navalha. São giros. Será que as mulheres andam cegas? Tu não sabes o que é isso. A ti todas te vêem, porque és conhecido e apareces no grande ecrã em planos muito favoráveis. Mas cá na minha terra as mulheres andam tristes, desiludidas mesmo, e muito preocupadas com o número crescente de gays. Eu acho que o mal delas é não se fazerem numa cidade grande como a minha.

Eu nunca ouvi um homem queixar-se da falta de mulheres interessantes. Pelo contrário, até ficam é baralhados e com síndrome de cata-vento. Para eles nunca haverá duas sem três. Já as mulheres não dão hipótese. Perdem tempo na fila com senhas para "o ideal" que não existe. Nem tu és o ideal John.

Eu gostava de dizer às mulheres da minha terra que deviam perder-se na cidade grande, caminhar sem mapas e sem horários, sem pressa e sem outro objectivo que não seja o de aprender a caminharem sozinhas para, só assim, poderem caminhar lado a lado com algum que de repente saia da mais inesperada viela.

Os homens não são todos iguais, e as ruas todos os dias mudam. Os homens não se procuram, mas em todas as ruas há sempre alguém que nos encontra.

E eu, diz lá se não é verdade, fui um grande achado teu.

Forever not yours

Ana