aeroporto
É nos aeroportos que me sinto verdadeiramente livre. Talvez porque são lugares órfãos, ou porque a estadia é transitória, ou ainda porque ali a contagem dos dias e das horas excede os normais regimes quotidianos de vivência.
Já em criança delirava quando tinha de ir esperar ou despedir-me de alguém, imaginando em paralelo os lugares e os lares de origem de toda aquela gente com passagem adiada, por umas horas, para o normal percurso das suas vidas.
Às vezes oiço falar dos loucos que vão a velórios de pessoas que nunca conheceram, ou que passam dias inteiros nos tribunais, ou até em cerimónias de casamento.
Se algum dia a loucura oficial me assaltar, vou para o aeroporto mais próximo.
7 Comments:
Um gosto peculiar
:)
Também tenho esse gosto. E até aproveito e faço uma confissão: quando tenho de ir buscar alguém, vou sempre mais cedo, para ficar a imaginar a vida das pessoas, o que fazem, quem esperam, etc, etc. Chego a inventar um par amoroso para o senhor que está no banco do fundo, tendo descobrir familiares perdidos, e fabrico casais! ;-) Quando fores eu vou contigo... vai ser lindo!
Os aeroportos já tiveram melhores dias, tal como as refeições a bordo. Com tanta globalização aquele delicioso anonimato, de que gozávamos converteu-se na probabilidade quase certa de encontrar alguém conhecido que nos rouba esses momentos de liberdade...Tem-me acontecido últimamente.
concordo, há tanta mudança num aeroporto, tantos reencontros, despedidas, solitários ... é uma amostra de vida - em concentrado- e traduz bem a ideia de que tudo é veloz, de que tudo passa
Concordo plenamente. Sinto exactamente o mesmo e costumo fazer esse exercício de imaginar uma história para cada pessoa.
Também concordo, e faço esse exercício em vários contextos. Acho que sou uma observadora por natureza com conteúdo imagético bastante rico para elaborar situações diversas (de modo saudável, claro! Alias como todos nós suponho!).
Tenho uma proposta, das duas uma, juntamo-nos todos e, ou lançamos um livro observações contextuais da vida quotidiana, ou fazemos um a investigação experimental, fica sempre bem...um estudo comparativo das nossas cognições acerca de determinado público alvo numa situação particular, e comparamos os dados. Hipótese: As pessoas estão cada vez mais sozinhas.(isto já sou eu a delirar)
Quem alinha?! :)))
Marta
Caríssima(o)s, a coisa é poética quando pensamos no asséptico aeroporto de Lisboa ou em qualquer outro europeu. Mas ele há os sul americanos e os africanos que convidam a tudo menos à contemplação...Para os fãs dos aeroportos aqui fica o pai de todos os links de aeroportos http://www.worldairportguide.co.uk/
e para os mais puristas recomendo de Brian Eno: "Music for Airports"
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