2.1.06

um falso post sobre o Johnny

Dear John Christopher Depp,

tu personificas todos os homens que passam nas perpendiculares e paralelas vias da minha metropólica vida, com direito a desfilar, mas "don't even think of parking here", como se lê em Nova Iorque. Gosto de te ver. É isso. Suspeito com muita certeza que também havia de gostar de te sentir. Também é isso. Olha tu fazes-me corar. Eu até gosto de corar, embora diga o contrário.

Nunca consegui entender o que leva as mulheres, e eu às vezes com elas em segunda voz para não parecer mal, a dizerem que os homens são todos iguais. Não são, tu não és, mas eu não estou a falar de ti. Eu só estou a usar-te, isso ficou logo bem esclarecido quando te devotei a minha paixão naquele dia no cinema, lembras-te?

Gosto de ti. Deixa-me ser repetitiva. Vá lá, há palavras que nunca são excessivas. Gostar é uma delas. Gosto, gosto, gosto. Embora saiba que não há gosto que nunca acabe em desgosto. É a vida. A minha não pára de se expandir. Gosto (aqui está) de pensar que sou uma cidade grande, às vezes refinada e sofisticada como Nova Iorque, outras desorganizada como aquelas do terceiro mundo que abomino. Há sempre um tijolo para subir o morro da favela e mais um loft para encher a avenida. Já me acostumei. Respiro o tubo de escape e não gosto nem um bocadinho do oxigénio dos pinheiros ou da areia do deserto.

Com a minha cabeça feita urbe, o betão não me tolheu os sentidos. Não me venham com a história do deserto e da paisagem a Sul, com o céu e a terra medidos em cheio. Nos meus horizontes sobrecarregados nunca consegui deixar de ver quem passa. Não entendo, por isso, quando as mulheres dizem que os homens são todos iguais. Todos os dias os vejo diferentes. Há uns que não têm nada a ver contigo. São tão apagados. Esses quase que os atropelo na passadeira, não é por mal, é porque tornam-se invisíveis. Outros... Bem há homens que são como tu. É verdade. Não saíram na People como "The sexiest man alive" porque eu não sou a editora.

São eles traçados ao alto ou mais ao baixo, a lápis nº 2 ou por pontas afiadas a navalha. São giros. Será que as mulheres andam cegas? Tu não sabes o que é isso. A ti todas te vêem, porque és conhecido e apareces no grande ecrã em planos muito favoráveis. Mas cá na minha terra as mulheres andam tristes, desiludidas mesmo, e muito preocupadas com o número crescente de gays. Eu acho que o mal delas é não se fazerem numa cidade grande como a minha.

Eu nunca ouvi um homem queixar-se da falta de mulheres interessantes. Pelo contrário, até ficam é baralhados e com síndrome de cata-vento. Para eles nunca haverá duas sem três. Já as mulheres não dão hipótese. Perdem tempo na fila com senhas para "o ideal" que não existe. Nem tu és o ideal John.

Eu gostava de dizer às mulheres da minha terra que deviam perder-se na cidade grande, caminhar sem mapas e sem horários, sem pressa e sem outro objectivo que não seja o de aprender a caminharem sozinhas para, só assim, poderem caminhar lado a lado com algum que de repente saia da mais inesperada viela.

Os homens não são todos iguais, e as ruas todos os dias mudam. Os homens não se procuram, mas em todas as ruas há sempre alguém que nos encontra.

E eu, diz lá se não é verdade, fui um grande achado teu.

Forever not yours

Ana

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu acho que ele não pode ser perfeito, mas que roça a perfeição... isso roça!!!

1:27 da tarde  
Blogger Irla Thamayca said...

Eu nem ia ler o post,
mas, como hoje estou com muito bom humor e paciencia, li.
Achei fantastico o modo que você usou as palavras para se expressar, me fez sentir vontade de dize-las também.
O post é antigo e quase garanto que não chegaras a ler este comentario, porem não perco nada dizendo o quanto gostei do post.
É isso, bjs =*

10:26 da tarde  

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