Para a M. (à atenção da F. e da R.) e vocês sabem porquê
Sei que vos vou dizer isto assim que estiver convosco, mas antes que seja tarde...
A última certeza que adquiri na vida é talvez das mais ambíguas e perturbantes entre todas as que me atrevo ainda a ter. Quase intolerável e outro tanto compensador é saber que à nossa volta nunca param de surgir pessoas que podemos amar.
A aparente ligeireza e até mesmo leviandade do que vos digo serve apenas para perceberem que o sofrimento que infligimos a nós próprios, por exigirmos a limitação de mandatos no nosso coração, deveria ser dispensável. Não é. Dificilmente alguém o poderá dispensar. Mas reconhecer que a infinita capacidade de amar é uma certeza, apenas reconhecida quando por ela se passa, é já meio caminho andado para aliviar a nossa passagem pela carne.
Desta vossa que tem a mania que sabe tudo.
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