O Cidadão do Mundo andou a dissertar sobre a pirataria de CD's e DVD's, e à conta dele lembrei-me de um post que já andava para fazer há uns tempos sobre a minha repulsa pela dita pirataria e outras coisas que me enervam e dão cabo da economia, à conta da tradição nacional pindérica de exibir bens de consumo de marcas de prestígio...
Ontem, o meu amigo X (nem sequer uso aqui a inicial do seu nome, porque não vou entregar um amigo às autoridades) disse-me que já tinha sacado da net o último filme do Woody Allen, o thriller com o Clive Owen e a Jennifer Anniston, e mais não sei quantos que ainda não estreram em Portugal. Agora, lá deve estar ele a ler umas legendas de merda refastelado no sofá, todo contente porque vai ver antes de toda a gente e, ainda por cima, poupou uns trocos. X, pá, gosto muito dede ti, mas nesse capítulo enervas-me.
Sou contra isso, já sabes, ainda ontem te disse e não penses que te vou pedir emprestado esses Cd's manhosos. Aguardo pela minha sala de cinema, onde tu também costumas ir, é certo, se calhar até mais do que eu... Por isso não entendo como desrespeitas assim os direitos de autor de um arte que tanto prezas. Mas pronto, continuo a ser tua amiga.
Eu se não posso comprar o DVD original, não compro o pirateado, espero por melhores dias ou pelos saldos da FNAC. Mas também sou cúmplice. Ainda no outro dia prometi que trazia as séries todas do "Sexo e a Cidade" a uma amiga para copiar... Fazer o quê? Ser tinhosa? Não me apetece, nem tenho moral para fazer contas ao dinheiro e apetites dos outros.
Também conheço quem vá comprar t-shirts, jeans, camisolas, adereços e afins de marcas xpto às feiras ou a uns comerciantes porta-a-porta... Alguns desses artigos até são originais dizem-me orgulhosos os compradores. E depois? São originais e são roubados. Será que não percebem como isso afecta a economia do país e lixa a vida a comerciantes honestos e cumpridores dos PEC, das rendas das lojas e da segurança social dos empregados? Não percebem.
Desculpam-se que não têm dinheiro para adquirir esses artigos nas lojas. Pois se não têm dinheiro fazem como eu - compram nas Zaras e companhias, Lanidores e Massimos, compram nos saldos, mandam fazer na costureira, sei lá. Eu prefiro ter umas calças marca Zara (é que toda a roupa é de marca, sabiam?) verdadeiras, do que umas D&G roubadas ou com o logotipo a cheirar a armazém dos arrebaldes. Jamais compraria um Rolex na rua, prefiro um Swatch ou mesmo um daqueles da Parfois verdadeiro no pulso.
Bolas, não têm dinheiro vão à H&M onde já vi calças a 12 euros. Não têm dinheiro comprem no Jumbo, já lá vi coisas que não envergonham ninguém. E as feiras também não têm só produtos roubados ou de contrafacção, creio que há lá roupinha barata dentro da lei.
Mas é vê-los, os lagartos, os cavalinhos, os xadrezes, os dourados exuberantes, e que mais símbolos de riqueza saloia com cheiro a vergonha da conta bancária, a povoar as noites, os dias e os meus pesadelos de cidadã que, já agora, também não entra nas lojas dos chineses.