6.12.05

eu e os rapazes mais novos

Corriam os anos da minha entrada na idade adulta quando de repente, ou não (talvez já estivesse em período de incubação), as minhas amigas foram assaltadas por um vírus. Raparigas atinadas, no auge dos vintes, começaram a andar com rapazes mais novos. Duas delas até chegaram a casar e casadas continuam até hoje. Falo de diferenças de idade na ordem dos cinco anos, ou seja, elas tinham 2o, 21, 22, 23... e eles ainda mal lidavam com a mudança da voz. Cinco anos é muito.

Ainda no outro dia, em plena operação stop da GNR na 24 de Julho, uma amiga, que jamais identificarei para não prejudicar a sua imagem ( se não for eu quem o fará?), estava a olhar para uns rapazinhos que atravessavam a via e soltou esta exclamação digna de registo nos anais da História dos costumes: "Ai valha-me Deus, olhem-me só esta juventude, aquela pele esticadinha, aqueles corpos tão pueris, tão cheios de força e de possibilidades...". Eu, palavra de honra, estive quase a entregá-la às autoridades. Ela, claro está, namora há nove anos (!) com um rapaz (amigo, responsável e senhor do seu nariz) cinco anos mais novo, e estes desabafos são só de boca, que esta minha amiga é a mais fiel de todas (menos na cabeça).

A minha indiferença pelos rapazes mais novos reside numa teoria um pouco maquiavélica... Acredito, desde muito nova, que se uma mulher casar ou mantiver um relacionamento empenhado com um homem mais novo estará sempre em desvantagem. Porquê? Aqui entra a parte diabólica; O homem mais cedo ou mais tarde irá abandoná-la (olhem o meu tom dramático!), em função da beleza e da frescura de uma mulher mais nova, porque em breve irá desaparecer o encanto que sentia pela mais velha.

Agora podem chamar-me os nomes que quiserem e perguntar-me de onde tirei eu esta ideia absurda.

Isto é o que eu sempre vi a acontecer à minha volta, não é só dos filmes. Obviamente, estou neste caso a falar de diferenças de idade muito superiores aos cinco anos (sosseguem meninas!).

A minha indiferença pelos rapazes mais novos não consiste só nesta versão folhetinesca! Muito mais importante que isso é o que antecede o relacionamento, ou seja, o que têm os rapazes mais novos para oferecer (além da frescura dos tecidos, que isso pouco me importa nem atrai)?

Regra geral, têm mais a aprender connosco que o contrário. Eu não gosto de ensinar, gosto de ser aluna. Devo sofrer do síndrome My Fair Lady.

Regra geral, são muito submissos ou rebeldes sem causa. Eu não gosto de coisas fáceis e gosto de casmurros com ideais, mesmo que esses ideais não me digam nada.

Regra geral, são bonitinhos mas não são interessantes. Normalmente imagino-lhes logo dez anos em cima... Umas rugas, uns cabelos brancos ficam sempre a matar. As olheiras também são do meu agrado. (Sim, eu sou assim. Estão a ver o Benicio del Toro?).

Regra geral, não têm conversa de jeito. Pronto. Ou como diria a C. "não dão pica".

Isto é a regra geral... mas tenho de dar a mão à palmatória: Há rapazes mais novos que não são assim. Vou falar-vos apenas de alguns que, desconfio, abrem a porta a uma galeria de desconhecidos que por aí devem existir. Deus queira.

O T. dá vontade de levar para casa. É um profissional responsável e com uma maturidade muito aquém dos seus 24 anos. Só para vos dar uma ideia, é dos poucos rapazes com menos de trinta anos que eu consigo ouvir sem me cansar, capaz de contestar as minhas convicções e ainda de me pôr a pensar sobre coisas que eu nem imaginava. Sim, e é giro, simpático, tem olhos bonitos e o pacote todo. Claro que com mais dez ou quinze anos ainda ficará melhor, o que faz dele um gajo com uma sorte dos diabos, porque estará sempre em vantagem.

O F. já não o vejo há muito tempo, mas foi dos poucos que me cativaram num jantar de blogues. O F. só tem um problema, acho que quer crescer cedo de mais, tem muita gana de ser adulto e isso também não é bom. Mas sensibilidade e encanto não lhe faltam. Sim, também não é nada feio e tem uma voz de bronze que tenho saudades de ouvir. E ofereceu-me um CD dos Depeche Mode, pronto.

Os rapazes da Quarta Ferida Narcísica têm aquele charme inabalável de quem já sabe muito para a idade, mas não se consegue distanciar do que é próprio da idade. Entendem? Andar nessa corda bamba, a equilibrar-se entre as hormonas e a consciência bem medida do mundo à nossa volta é obra imaginável apenas para quem tem dois dedos de testa e muita pinta.

Eu sei que de seguida estava mesmo a calhar o post - eu e os rapazes mais velhos... Mas se este já ficou deste tamanho... É melhor não.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

isso deve ser vírus :P

10:12 da tarde  
Blogger Amélie said...

Também sou fã dos mais velhos...

2:00 da tarde  
Blogger Lolita said...

Eu tenho um mais novo... ops! Não era para dizer?!??! ahahahha

2:15 da tarde  
Blogger Ana Pinto Martinho said...

Pertenço, sem dúvida, ao teu "clube dos mais velhos"...

2:16 da tarde  
Blogger Roxanne said...

Se o jovem da tua teoria aprecia "beleza e frescura" vai apaixonar-se por uma rapariga da mesma idade ou mais nova. Se ele se apaixona pela mulher mais velha é porque valoriza outras coisas. Se ele depois a deixar será por uma razão tão imponderável como todas as outras. Eu acredito que se não há como prever para que me defender?
O tema dá pano para mangas, não admira que o post seja longo, até eu já me estiquei.
Só um recado: levem os grisalhos, deixem-me os pirralhos!
:-)

3:44 da tarde  
Blogger Samuel said...

Ainda hei-de dizer qualquer coisa sobre o tema na sede do costume. Apesar de perceber a ideia, só me chateia um bocado a explicação biológica das «hormonas»... Até porque já nem é o caso.

3:24 da manhã  
Blogger AS said...

Samuel, as hormonas foi a palavra que encontrei para definir as nossas emoções mais ao rubro. Foi mais uma questão de estilo... Além disso, as hormonas influenciam-nos a vida toda. Palavra de gaja. Beijinhos

1:17 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home