não vou à bola com eles
Raramente sinto saudades da faculdade, apenas do que lhe era paralelo (os horários flexíveis, aquele primeiro ano muito festivo, os anos da rádio...). Mas hoje até senti um aperto no coração quando dei comigo a pensar que me apetecia voltar a uma aula de Hermenêutica, Teoria, Modelos, Pragmática... e todas aquelas que acabavam em Comunicação. Caramba, nalguma delas haveria de caber um trabalho, que digo eu (?), uma tese (!), sobre o momento televisivo a que acabo de assistir - o comentário na Sic Notícias sobre a jornada futebolística do fim-de-semana, por aquele senhor do Porto que veste uns fatos e umas gravatas muitos caros, mas muito feios, cujo nome o meu marido me repete todos os domingos desportivos, mas que não me lembro, seguido sempre da mesma frase: "Oh pá, eu não gosto deste gajo, mas gosto de o ouvir, quanto mais não seja para poder dizer que não gosto de o ouvir".
O masoquismo do meu marido (como se não bastasse ser do Sporting), hoje foi acompanhado de algumas sevícias cerebrais a que eu me auto sujeitei. Naquela meia hora (ou mais?) na Sic Notícias, o "Estado de direito", a "dialéctica", e "o apito dourado silenciado" envolveram-se e fizeram de mim parva, que continuo sem perceber como é que um jogo para tantos apaixonante, irracional, másculo, belo, pés com bola, bola com cabeça, canela com canela, pode ser rebaixado ao ponto de se teorizar sobre ele? Como é que alguém que gosta de futebol grama estes momentos televisivos? Como é possível perderem-se horas a ver uns rapazinhos numa mesa redonda da TV a discutir um lance de bola?
Mas os meus pensamentos foram interrompidos... de repente, o pivot da Sic Notícias pergunta: "E o que dizer do Vitória de Guimarães em Braga?". Sim e o que dizer?
Em qualquer mesa de café de Portugal se faria melhor do que isto.
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