28.11.05

como descodificar uma relação? 1

Há-as para todos os gostos mas as que parecem estar mais em voga são as relações que ninguém sabe (ou não quer?) definir.

Saem para jantar, vão ao cinema, bebem uns copos, dão uns beijos e uns amassos, mandam sms, telefonam-se, mandam sms (os sms estão muito na moda), sorriem-se, mas não sabem muito bem o que andam a fazer.

Na maioria das vezes são descomprometidos, mas têm assuntos do passado mal resolvidos e traumas que acumularam por força de algumas desilusões.

Não se maçam. Não se inflamam. Não se apaixonam. Andam.

Talvez aquilo que os atraia seja a possibilidade de virem a sentir qualquer coisa, ou o facto de terem um encosto. Talvez, à falta de paixão maior, se contentem com a ideia de ter alguém ou com a ideia de nutrirem um sentimento por alguém; É a velha história: "Gosto da ideia de gostar dele(a)".

De facto, gostos não se discutem, mas deveriam saborear-se... O que me leva a pensar que estamos numa nova era de platonismo, muito mais frustrante e inibidor que o tradicional.

Estas relações não têm nada a ver com aquelas que assentam pura e simplesmente no sexo. Essas são desde o início aquilo que ambos sabem: dois corpos que buscam o prazer, sem preconceitos, sem cobranças.

Nas relações indefinidas muitas vezes nem chega a haver sexo. Nelas tudo se mede, a quantidade de vezes que o outro ligou deve ser proporcional ao número de vezes que ela ligará, os sms são semioticamente analisados, uma ausência prolongada equivalerá, durante uma semana, ao mau humor desmesurado da outra parte... A ambiguidade destas relações reside na falta de legitimidade para fazer exigências, porque se não há compromisso como se pode exigir o que quer que seja? Mas exige-se, mais cedo ou mais tarde... e então podem acontecer duas coisas:

Ambos chegam à conclusão que andam a fazer figura de parvos e deixam-se de jogos virtuais.

Um começa a sentir-se verdadeiramente entediado com as exigências do outro e foge (ou fogem os dois para outra relação incerta).

Eu até poderia dizer que considero estas relações uma pura perda de tempo, sem alma nem paixão. Mas não digo. Que sei eu? Há muitas formas de começo de um relacionamento e quem disse que tudo deve começar com uma grande paixão?

Eu até me apetecia dizer que mais vale estar só que desenxabidamente acompanhado(a), mas eu nunca estive só e não sei dar valor a isso. Por isso não digo.

Eu acho que as relações não devem ser insonsas, mas quem sou eu para achar o que quer que seja? Cada um toma a sua vida com o sal que lhe aprouver.

Eu acho que as pessoas devem ser felizes. E isto eu acho bem.

3 Comments:

Blogger Lolita said...

Descodifica as relações...não as analises!Isso fazem os próprios!as dicas para as relações é que fazem falta! :-)

7:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sem comentários Miss Freud ;)

11:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nem de propósito, recebi no outro dia um mail de uma amiga com um texto do jornalista brasileiro Arnaldo jabor a respeito da "praga da década": os "namorofóbicos".
"Uma coisa muito estranha. Saem, fazem sexo, vão ao cinema, freqüentam as
respectivas casas, tudo numa freqüência de namorados, mas não admitem.

Têm alguns que até têm o cuidado de quebrar a constância só para não criar
jurisprudência, como se diria em juridiquês.
Podem sair várias vezes numa semana, mas aí tem que dar uns intervalos
regulamentares, que é para não parecer namoro. É tua namorada? - Não, a
gente tá ficando".

9:48 da tarde  

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