21.12.04

"Eu já posso imaginar que faço"

Vem mesmo a calhar neste tempo de frio um baton para o cieiro. A autora é uma miúda muito engraçada e muito querida que conheço há dois anos, e a quem gosto de dar conselhos de quando em quando. Para mim ela é uma... Como dizer?!... Uma bonita pedra em bruto que me apetece ajudar a lapidar. Não que eu seja um diamante da Tiffanys, mas sou mais velha (nunca pensei viver para me ouvir dizer isto...). A verdade é que eu gosto de aprender com os mais velhos, mas também gosto de ensinar qualquer coisa de jeito aos mais novos.

Acontece que a minha ‘petite’ baton acha que a imaginação leva à loucura. Não leva não. A imaginação salva-nos da loucura. Eu explico. A este propósito lembrei-me de um livro do Carlos Amaral Dias e do João Sousa Monteiro, que comprei por causa do título: “Eu já posso imaginar que faço”. O livro reúne por extenso dois programas que os autores fizeram na Rádio Comercial nos anos 80, e a sua leitura reconciliou-me na altura com a maneira que desde cedo encontrei para sobreviver a ansiedades e angústias.

Ou seja, o mais importante não é vivermos na eminência de fazer isto ou aquilo, porque temos ou porque precisamos, mas possuirmos a capacidade de imaginar que o fazemos. O resto a vida o dirá, com ou sem a nossa autorização.

No início da nossa relação com o mundo existe a imaginação, depois o verbo e só depois a acção. Quem começa apenas pelo fim, jamais experimentará a elasticidade da mente e o infinito prazer de projectar a existência.

Dom Quixote, que gosto sempre de recordar quando penso que estou a ficar doida, ou quando o pensam por mim, se não tivesse transportado a sua loucura a cavalo com o Sancho a reboque (existem sempre uma almas que embarcam nestas aventuras, bem hajam!), teria morrido como viveu: Louco, mas muito mais triste...

3 Comments:

Blogger Toix said...

Se eu quisesse enlouquecia. (Herberto Helder)
Fui ler o "baton", e agora volto aqui para agradecer.

11:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quero aqui deixar o meu agradecimento pelas tuas palavras, e dizer que o sentimento é mútuo :)
Em relação à frase que escrevi da "imaginação é inimiga da sanidade mental", o que queria dizer é que muitas vezes pensamos no pior, fazemos grandes filmes, pelo menos eu sou assim. Mas é porque acho sempre que não sou merecedora de que as coisas corram bem. Imagino sempre o pior, sou pessimista e acredito que as coisas são assim por minha causa, porque não mereço outra coisa. Era isto que queria dizer. Quanto mais filmes fazemos na nossa cabeça, mais sofremos com isso.

2:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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9:05 da tarde  

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