Excessos
Eu também gosto de fumar, é cá uma mania que eu tenho. De vez em quando bebo bem o meu gin tónico. Gosto de trabalhar e divertir-me noite fora. Detesto levantar-me cedo. O chocolate é uma perdição. Em contrapartida, não como batatas fritas nem fritos em geral, nem ‘fast-food’, abuso dos vegetais, dos grelhados, da água e nunca bebo álcool sem ser em momentos de lazer noctívago. Deus me livre de experimentar drogas como a cocaína, pois era capaz de gostar; Sim, porque sou uma pessoa excessiva e sim, sinto-me atraída por pessoas excessivas. Compreendo os que as condenam, sobretudo os que padeceram e padecem da impotência humana face ao corpo que deixou de funcionar e não deixa viver a alma no seu pleno. No entanto, continuo a respeitar os excessos e os excessivos. Frank Sinatra é um desses. Há um episódio da sua vida que relata a ida dele ao médico, numa fase em que as entranhas já não condiziam bem com a sua pose e os seus encantadores ‘blue eyes’. O ‘doc’ começou logo por dizer que ele tinha de deixar de fumar, beber, etc, etc. Sinatra virou-se para ele e disse: Acho que o doutor não é médico para mim. Virou costas e morreu como e quando tinha de morrer.
Há uma parcela da nova geração que parece ter-se dado conta que há um património importante a preservar – a saúde. Na televisão, no cinema, na publicidade (essa coisa que está sempre “à frente”) é a palavra saudável que vinga. Ainda bem. No entanto, esquecem-se que os piores excessos são por vezes aqueles que não se ingerem nem se praticam, mas que se pensam. Mau é estragar a nossa mente com sonhos impossíveis, passados não resolvidos, obsessões pela perfeição e pelo enquadramento em ideais que alguém se lembrou de impor... esquecendo-nos de viver. Tão simples como isso, viver. Nem que seja em excesso.
2 Comments:
Apeteceu-me botar por aqui faladura, apenas para concordar parcialmente contigo quanto à propensão para as atitudes saudáveis que se 'vendem' por aí...
Não considero -de todo!- sensatas as missivas que proliferam, exacerbadas da sua justa proporção de bom senso. O culto da imagem faz com que seja muito atractivo ser-se saudável, e é fácil pegar-se nesse conceito e subvertê-lo em produto comercializável, afastando-se do bom senso intrínseco para o 'excesso saudável'...
À conta desses perfis bombasticamente vendidos, temos um novo subgénero de 'saudáveis': os maníacos do 'isso não, que faz mal!' e novos-adictos da escravatura da imagem...
Enfim, faça-se a média e adopte-se a ironia estatística do estado morno: um pé numa tina de água a ferver e outro numa de água gelada e conclua-se estar-se a uma temperatura média... É assim que eu escolho ser saudável :-))
ps - psiuuu.. quem é que consegue ficar-se pelo primeiro gin tónico? cheers!
Há quem diga que estar vivo é o contrário de estar morto... pois eu cá defendo (embora quase nunca o pratique) que estar vivo é o contrário de estar "sobrevivido"... ou seja, para q "sobreviver", se não nos podemos dar ao luxo de viver?
Venham os excessos pois... há que usar e abusar antes de irmos para a cova, digo eu...
Mas como dizia o saudoso Frei Tomás... façam o que eu digo, e não o que eu faço!
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