"Bloguistas Anónimos" (sem abstinência...)
Eu tinha mais ou menos estabelecido que não iria nunca escrever sobre o que é fazer, ler ou pensar o fenómeno dos blogues. A própria palavra "fenómeno" irrita-me porque me lembra aqueles estudos sociológicos que não servem para nada e dizem coisa nenhuma. Acredito que há coisas que não têm explicação e que a busca da mesma só lhes tira encanto e espontaneidade. Hoje resolvi contrariar-me porque há sempre alguém que mais cedo ou mais tarde nos leva a transgredir as nossas convicções, e quem consegue isso comigo merece troco! O Lusofolia foi blogue para isso, porque tocou numa questão que me parece pertinente e que nem sequer é um fenómeno: Andamos ou não todos a mandar recados uns aos outros? Temos ou não temos destinatários preferenciais e escolhidos a dedo? Pensamos ou não no efeito que os nossos posts têm na nossa pequena (pelo menos a minha) comunidade de leitores/cúmplices? Pois temos, andamos e pensamos. Por aquilo que até hoje me foi dado a perceber, primeiro como leitora, depois como fazedora, os que perdem tempo com isto fazem-no porque têm algo a dizer, a si próprios e aos outros. Ainda que um blogue possa ser, em muitos casos, uma forma de se chegar mais a si mesmo, será também desde logo uma outra forma de se chegar aos outros. Em tudo isto acaba sempre por haver um risco de exposição calculado, medido até ao "ésimo" grau de anonimato em que nos inscrevemos. O meu grau de anonimato é muito baixo, digo já. Nenhum mesmo. Só teria optado pelo máximo se o conteúdo do meu blogue fosse prejudicial à minha integridade física, ao meu percurso profissional ou ao segredo de justiça... Não é o caso. Por isso vou a jantares e encontros se me apetecer e neles me "linkarei" com quem me seduzir pela via da sua escrita, personalidade ou conversa. Se dessas folias blogueiras nascerem cumplicidades que se traduzem em piscadelas de olhos nos posts posteriores, na minha opinião isso não será prejudicial. Até agora, pelo menos para mim, não foi, mas eu também gosto de distribuir piscadelas a torto e a direito a toda a gente, bloguistas ou não... É uma questão de feitio.
PS 1 - Este post é assumidamente interno, um recadinho a todos os bloguistas que eu conheço pessoalmente.
PS 2 - Lusofolia, admito que escrevi este post para ti e que gostava muito que o gramasses.
3 Comments:
Como alguém já teve oportunidade de afirmar.
“Antes de tudo o resto, o teu blog és tu!”.
O importante é o que de ti emana e não o que outros
possam pensar, que deveria emanar.
Se o teu blog, reflecte o que pensas e vives, os outros que
aprendam.
Não pretendi passar por anónimo, (no comentário anterior) mas esta treta de colocação de comentários joga comigo.
Blogquisto.
Também já nem me questiono, porque, sempre que o faço, encontro novos porquês - por isso, nenhuma categoria redutora seria suficientemente perfeita para classificar o 'fenómeno'...
Quanto à postura e à necessidade de comunicar, cada um encontra a sua forma de o fazer. Um blogue falará sempre do seu 'fazedor' e não se controla nunca o propósito dos visitantes. Também, é isso importante? A construção de afectos é sempre uma obra inacabada, precisamente por depender dessa dialética vivaz que assiste toda a comunicação.
Bah! Adicção, hábito - o que lhe estará por base?
Ainda há pouco me dobrei na reflexão: "a solidão é mais gregária do que o amor em comício"... hum, hum... Sei apenas que ninguém é uma ilha e que a blogosfera, se não representa um universo de todos os continentes, pelo menos torna visível uma série de istmos.
Quanto aos bit-afectos...
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