9.1.05

É drama, é drama, mas vai lá vai...

Fui ver a A Porta no Chão. Nunca vi um drama tão divertido. Nele, o "lado negro" que todos temos surge tão natural como rir e chorar, e eu ri mais do que chorei, confesso. É também, por isso, um filme cru. Em Espanha, a tradução que lhe deram foi: "La mujer dificil". Não tem nada a ver... A "porta no chão" é o tal lado negro que nos atormenta, não são as mulheres ou o sexo, mas os espanhóis devem ter achado que assim era melhor para a bilheteira.

Jeff Bridges já merecia há muito tempo um óscar, mas não tem tido sorte nenhuma; Os críticos tendem a achar que ele representa com demasiada facilidade os papéis que lhe dão, como se não lhe custasse nada. Mas custa, pode é não se notar. Neste filme, sobretudo, deve ter tido uma trabalheira danada: Está magnífico! Kim Basinger e Mimi Rogers, principal e secundária, demonstram aqui, em registos diferentes, muita coragem na maneira como se expõem, é que envelhecer na América fílmica não deve ser fácil. A revelação vai toda para Jon Foster que simboliza a juventude na história, protagonizando para já a melhor e mais comovente cena de embaraço sexual que alguma vez vi no cinema. Este rapaz personifica também a juventude que Hollywood precisa.