18.8.04

My immortal soul

Nos últimos dois anos deitei fora sacos e sacos de objectos, papéis, fotos... Tralha. A maioria eu já nem sabia identificar, como pedras, pinhas, bocados de árvore com inscrições A+L=coração, cartões de aluno desde o ciclo até à universidade, bases de copos preenchidas por autógrafos em alegres noitadas, bilhetes de concertos e de festas "da porca e do parafuso"... Palavra de honra, eram pelo menos três caixas tamanho L cheias destas coisas, que têm andado aos tombos, guardadas como as relíquias de uma "santa"... A chegada aos trinta tornou-me mais clean e progressivamente fui eliminando essas provas materiais da minha memória, primeiro as naturezas mortas (até uma casca de laranja com uma frase gira eu tinha!!!), por último os bilhetes dos concertos e festas; Entre estes, confesso, havia alguns elementos que me custaram uma lágrimazita ao canto do olho... Mas fui impiedosa, como sempre: Ou tudo ou nada! Esta limpeza do meu cosmos até já causou alguma perturbação a alguns amigos que continuam agarrados às suas caixinhas. Eu entendo. É como se de repente eu estivesse a desligar-me do passado, das pessoas, das recordações, da MEMÓRIA! No entanto, asseguro que nunca estive tão presa a ela como neste apeadeiro da minha vida (tomei plena consciência disso quando vi o filme "O Despertar da Mente"). O que eu penso é que somos o melhor documento histórico de nós mesmos. No presente somos tudo o que resultou do passado. Acredito firmemente que cada um deve escolher o seu caminho para a imortalidade - filhos, carreira, fama, notoriedade, etc - os meios que perseguimos são muitas vezes insondáveis, mas eu escolhi o amor e a palavra escrita. É por causa disto que ainda guardo no roupeiro uma caixa com cartas, porque o que escrevemos é talvez a única coisa que revela mais de nós do que nós, os próprios.

2 Comments:

Blogger AS said...

:)Apesar das interrupções e problemas técnicos periódicos... Tenho sempre os pirlim pim pim à mão!

2:41 da tarde  
Blogger Fátima Santos said...

Não podia estar em sintinia!Um abra!ço

12:11 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home