21.7.04

Os jardineiros e as flores

Oh Gabriela, desculpa, desculpa, desculpa. Não resisti a contar aqui a teoria da tua mãe. É um carapuço demasiado grande para não servir à maioria das relações que conheço. Ainda por cima, falaste-me nisso no domingo, numa das nossas animadas tertúlias cujo assunto vai sempre dar ao mesmo - amor, relações e a porcaria da idade que não pára de avançar. A coisa até começa à séria: Leituras, filmes, trabalho, roupitas novas... E pronto, começa a "descambar" para o lado esquerdo. Mesmo que esteja tudo bem, arranjamos sempre qualquer ponta solta para questionar, teorizar e hipoteticamente transformar, como se não fosse possível existirem pontos sem nó, acabadinhos e perfeitos. Uma mania como as outras. Contra intempéries e ervas daninhas, a tua mãe é que a sabe toda: «Em todos os casais existe um que é o jardineiro e o outro que é a flor». Um cuida, trata e poda, outro limita-se a florescer, a brilhar e a encantar. A Anita disse que no caso dela não sabia quem era o jardineiro, o que eu considerei logo muito positivo. E é. Tenho amigos que se limitam a ser o jardineiro, e outros a ser a flor. Eu cá também prefiro ser flor... Claro(!), mas todos sabemos que os jardineiros às vezes também se fartam de trabalhar e a vida de uma flor pode ser muito solitária e curta...