1.7.04

Patriotismo

Tenho uma adoração por Espanha. Gosto da comida, dos horários, dos preços mais baixos, dos ordenados mais altos, da alegria, do cinema, da falta de modéstia, da língua, do expressionismo emocional, das revistas de decoração, da produção estética que as mulheres não se coibem de desfilar. Prefiro, apesar de tudo, os homens portugueses, abomino as dobragens e a maioria das praias. Mas, feitas a contas, o saldo é positivo e reuni já um considerável número de razões para me mudar... E não é segredo para ninguém. Há pouco tempo, numa das minhas muitas sessões de explicações aos amigos (que nenhum deles chegou a solicitar...) o meu amigo B., 'bê' de nome e de bélico, e que serve o País oficialmente, disse-me que não é bem assim, que em Espanha não se vive assim tão melhor que em Portugal, etc, etc, etc. O costume. No entanto, o B. disse-me também, com alguma mágoa, que nota que as gentes portuguesas mais informadas e bem colocadas (as chamadas elites) estão cada vez mais viradas para Espanha, o que já não é de hoje e que, tal como outrora, serãos as bases (ou o povo...) que na altura certa farão a inversão e trarão de volta o País aos nossos corações. Confesso que fiquei a pensar nisto e não considero este discurso, nem um pouquinho, nacionalista ou desconfiado. Pelo contrário. Faz sentido, muito sentido até. Faz ainda mais sentido quando tomamos consciência que o Povo somos todos nós.