A mala de cartão
Há em todos os portugueses o síndrome da mala de cartão. Todos temos uma no armário, ao lado dos esqueletos. Como se lá fora houvesse sempre qualquer coisa melhor à espera, um trabalho, um amor, uma vida nova e melhor. É sempre de cartão porque o português não gosta de nada definitivo,o regresso permanece eternamente como possibilidade. O que varia é o portador da mala. Agora está na moda a de cartão reciclado, fiel companhia dos que estão sempre à procura de um novo cargo, um que alivie o fardo e os encargos de uma missão a que se propuseram e que entretanto rejeitaram, ansiosos por levar a malita de cartão a melhor bom porto, seguro e inquietante quanto baste. A minha está no armário, guardadinha, novinha em folha, pois ainda não quero desertar e jamais me habituarei ao material reciclado.
1 Comments:
Oi querida, revi-me neste post!! a minha mala de cartão foi usada pela última vez em 1990...e encontrei sim muita coisa melhor à espera: amigos, amor, trabalho, viagens, lágrimas e risos, quem sabe se não me encontrei a mim mesmo?? ...mas tens razão quando dizes que "o regresso permanece eternamente como possibilidade"...ainda olho para ela (a mala) nos momentos mais difíceis e vejo uma saída, cobarde e nada airosa, mas sempre uma saída...
Beijinho
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