anatomia de Santiago
O meu coração é de carne
antes fosse um naco em banho de tempero para ir ao forno
ao menos estava sossegado e não me encalhava a goela e o peito quando
se arma em músculo em pleno exercício cardio-vascular.
Os meus pulmões são descolorados
mesmo quando fumava, disseram-me, tinham bom aspecto,
tirando daquela vez que sonhei com umas bolas vermelhas a escorrer pela radiografia.
Os meus pulmões, coitaditos, aguentam tudo e aconchegam o coração.
Gosto muito deles.
A minha barriga é uma desgraça.
As dores nas costas, às vezes, assentam praça.
Da cintura para baixo e das nádegas até ao umbigo,
escutei que são as dores terrenas...
Fogo, antes fosse um ET.
Quero ir para casa. (Estou a chegar).
Os pés andam bem obrigada.
Os joelhos compostinhos e não tremem
tirando quando me faltam as forças à alma
mas essa que falta me faz remedeia-se sempre
até quando me vergo à mente.
Pudera, é feita de outra estirpe, não foi concebida no leito conjugal.
É um pré-conceito, imaterial. Graças a Mim, que sou divina.
Mas o melhor é que não tenho colesterol e a minha pele cheira a leite.
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