26.6.07

anatomia de Santiago

O meu coração é de carne

antes fosse um naco em banho de tempero para ir ao forno

ao menos estava sossegado e não me encalhava a goela e o peito quando

se arma em músculo em pleno exercício cardio-vascular.

Os meus pulmões são descolorados

mesmo quando fumava, disseram-me, tinham bom aspecto,

tirando daquela vez que sonhei com umas bolas vermelhas a escorrer pela radiografia.

Os meus pulmões, coitaditos, aguentam tudo e aconchegam o coração.

Gosto muito deles.

A minha barriga é uma desgraça.

As dores nas costas, às vezes, assentam praça.

Da cintura para baixo e das nádegas até ao umbigo,

escutei que são as dores terrenas...

Fogo, antes fosse um ET.

Quero ir para casa. (Estou a chegar).

Os pés andam bem obrigada.

Os joelhos compostinhos e não tremem

tirando quando me faltam as forças à alma

mas essa que falta me faz remedeia-se sempre

até quando me vergo à mente.

Pudera, é feita de outra estirpe, não foi concebida no leito conjugal.

É um pré-conceito, imaterial. Graças a Mim, que sou divina.

Mas o melhor é que não tenho colesterol e a minha pele cheira a leite.