o décimo quinto dia
Disseram-me que ao décimo quinto dia seria o início da tortura. Que a partir daí a abstinência vai de pendura na loucura, no lugar do morto, sem o prazer de um cigarro fumado no parapeito, à janela do computador ou de copo na mão. Sinceramente não me lembro do dia em que deixei de fumar. Foi em Janeiro último. Não foi uma resolução de Ano Novo, mas de Ana Nova. Não me lembro por isso do décimo quinto dia. O mais semelhante aconteceu umas semanas depois num final de tarde de neura, quando dei comigo desesperada a esgravatar o fundo de uma gaveta à procura de um cigarro. Encontrei um maço encarquilhado que alguém ali tinha deixado. Meti-o à boca e soube-me tão mal, tão mal, mas tão mal que praguejei. Merda, já nem fumar consigo! A minha infelicidade naquele dia era a mais completa que Deus tinha engendrado na Terra. Deus. Eu não.
O décimo quinto dia? Hummm... Com o travão na nicotina, comecei a travar a escrita. Desculpas de má pecadora, ex-fumadora arrependida... dizem-me os trocistas dos meus amigos. Calem-se lá, deixei de escrever no blogue por muitas razões, mas deixar de fumar ajudou à festa. Logo eu que também não gosto de mentol. Não sei à quantos dias estou sem fumar, mas ontem regressei aqui e não me apeteceu travar; nem um cigarro, nem a escrita. Digamos que hoje é o meu décimo quinto dia ao contrário. Vale?
2 Comments:
Eu gosto muito ver-te de regresso por cá, Ana. Também eu estou a regressar. Quem sabe aonde? Talvez a um lugar em que nunca tenho estado. Mas mesmo assim, sinto que é um regresso. Sempre regressamos e sempre partimos. Talvez esta viagem inevitável.
Parabéns polos dias sem tabaco! Muitos de nós vivemos nessa liberdade de não fumarmos, nessa independência do tabaco, e somos muito felizes mesmo.
Espero voltar a ver as tuas palavras mais amiúde por cá.
Abraços desde a Galiza,
berço da Lusofonia.
Ana,
Sei não te conhecer, mas sofro do mesmo mal que você.
Venceremos, tenho certeza!
Mas que é sofrível, é!
Parabéns!
Enviar um comentário
<< Home