4.6.07

escrever

Só um amigo me levava até à Feira. O Jorge lançou mais um livro, "Aonde o vento me levar". O décimo sétimo. Nasceu em 1971. O Jorge escreve por prazer. É isso. No final da tarde, sentados à beira da passadeira dos livros tristes ao ar, apelei ingenuamente à imortalidade da escrita. Nah, disseram-me. Daqui a uns anos ninguém se lembrará de David Mourão Ferreira ou mesmo de Lobo Antunes. Não? Desesperei por excepções. Nem Pessoa, nem Camões? Já nem ouvi a resposta. Quem sabe o que será a memória? Eu aposto que será dos que escrevem como o Jorge. Não falo de estilo ou qualidade, mas da própria génese da escrita. Não lembraremos os que sofrem ou os que se disciplinam para criar, mas sim os que escrevem apesar da verdade do mundo. Escrever por prazer. É isso.