1.7.05

A minha relação disfuncional com o Sol

Nos últimos anos alistei-me na auto-proclamada e pouco discreta "Sociedade contra o Sol". A soldo de nada, a não ser da saúde e beleza da minha pele, que eu guardo como Deus nosso Senhor, na minha cruzada enfrentei os bárbaros que se expõem sem pudor ao astro maléfico, em poder das tábuas da lei, escritas por dermatologistas, esteticistas e fundamentalistas bem intencionados em geral.

Como todos os super-heróis (com o meu amado Batman à cabeça) eu tive uma razão pessoal, um trauma, uma motivação; Há uns cinco anos atrás, umas manchas de pigmentação começaram a invadir o meu rosto imaculado. A mim, que fui a precursora do uso do protector solar (desde os doze anos de idade), a mim, que aos 15 anos recebi das minhas amigas o primeiro kit anti-envelhecimento, a mim, que não me importo de vestir uma saia da Zara por 15 euros, mas que para um hidratante facial dou desavergonhadamente 80 euros se for preciso (já foi...).

Mas Deus, que me deu a pele boa e um senso ainda melhor, deu-me também a sensibilidade. Hipersensibilidade, melhor dizendo (e não se ficou pela pele).

Só para terem uma ideia do castigo divino, por cima do meu lábio superior (o buço), a mancha era tão sacaninha que me fazia parecer ter um bigode digno de um republicano. E nas bochechas comecei a ganhar falsas sardas... Entrei em pânico.

O dermatologista deu cabo do resto. Ah... essas manchas são muito difíceis de desaparecer. O seu problema é excesso de pigmentação (estava explicado o meu bronzeado TGV). Não pode apanhar Sol durante uns bons tempos. Isso nem era preciso ele dizer, o Sol já era o meu inimigo número um. Ainda ouvi o doutor dizer: Mas olhe que a sua pele é óptima, com a sua idade já é normal ter rugas. Obrigadinha, mas o meu coração estava manchado.

As manchas acabaram por alastrar ao cérebro. Ensandeci. Sonhava acordada com cancros de pele e aterrorizava o sono dos outros com as minhas apocalípticas visões sobre o futuro da humanidade que em breve começaria a derreter e/ou esturricar ao Sol.

Nunca ninguém me deu muita atenção.

É claro que nos últimos anos rejeitei sempre a aparência latina da Jennifer Lopez e argumentei com a alvura divina da Nicole Kidman, sob a máxima- o bronzeado está fora de moda.

...

Cinco anos depois:

Admiro as morenaças e as branquelas. Um mulher não se mede pelo tom de pele.

As manchas desapareceram com a abstinência solar e o uso de despigmentantes recomendados pelo doutor.

Aumentei o factor de protecção para 90 (é o máximo que encontrei no mercado, uso diariamente, de Verão ou de Inverno, o da Uriage, para quem possa interessar).

O meu marido diz que a minha cara é um espelho reflector, que qualquer dia encandeio as pessoas e provoco uma queimadura ao próprio Sol.

Consegui, vencendo-as pelo cansaço, convencer as minhas amigas (algumas...) que o melhor anti-rugas que existe é protegermo-nos do Sol, sempre.

...

E sim. Baixei as armas. Fiz as pazes com o Sol. A relação continua a ser de desconfiança, mas este Verão ele subiu na escala de prazer do meu corpo.

É por isso que estou toda contente com os meus ombros, a minha barriga, as minhas pernas, o meu colo, o meu nariz tostadinhos. Às horas de consumo económico e com muito protector, é claro, a minha relação com o Sol melhorou a olhos vistos...

2 Comments:

Blogger Lolita said...

Foste à praia!? Tás morena?! quando?! ehehehe

3:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Descobri há pouco tempo, essas horríveis manchas e sinceramente estou preocupada... Se não for abusar que tipo de despigmentantes é que está a usar? Eu uso um da Uriage "Depiderm", mas o efeito não me parece muito eficaz...
Se me puder dar alguns conselhos, agradeço que os envie para o meu email eclipse.carla@hotmail.com
obrigada
carla Caetano

11:35 da tarde  

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