Inauguro hoje uma rubrica sobre os caminhos que jamais poderei percorrer.
Finalmente ganhei coragem e abri a porta que faltava no meu labririnto - a porta do não.
Não, nem tudo o que sonhaste fazer é possível. Não, tu não és invencível nem capaz de fazer tudo, disse-me a porta entre o ranger da velhaquice. A porca.
Resolvi fechá-la a quatro trancas, que já começaram a enferrujar, e inauguro hoje uma galeria de troféus perdidos.
Não há razão para deles não me orgulhar. Não fiz, mas imaginei que sim.
O primeiro de todos:
Ser agente do FBI
O que plantou a semente do mal foram os filmes americanos de detectives e de gente que nunca dorme à procura de alguém, algo, alguma e qualquer coisa que desvende um corpo mutilado, um fantasma mal humorado, uma criança alucinada que fala com mortos... por aí. Confesso que os Ficheiros da Scully e do Molder acabaram com o resto de decência terrena que ainda havia em mim; a partir daí comecei a achar que nasci para descobrir os sub-mundos e os além-mundos, porque este onde vivo dá-me seca.
"A quem é que ela sai?", pergunta frequentemente a minha mãe... Saio à família, mas sou arraçada de David Palmer Lynch Laura, tenho os sentidos do Shyamalan, uns trejeitos de Anjo de Charlie, a ironia do detective Colombo quando calha, umas célulazitas do Poirot, uma queda para o vício do mistério do Sherlock, o sangue frio da Scully para vasculhar todas as tripas de um corpo alheio e a obsessão pela verdade do Molder... Dava uma perfeita agente do FBI.
Tenho ainda um super poder: Sou tão chata, tão abelhuda, tão capaz de provocar quebras de tensão, que seria exímia a interrogar suspeitos e testemunhas... Vencia-os pela tortura da minha presença.
O mundo perdeu uma grande agente do FBI. Até estou arrepiada.