15.12.05

in vogue

Acabei de comprar a edição de Janeiro da Vogue. Todos os meses dia de Vogue é dia de festa. Logo à noite, sento-me a ver as tendências, as dicas, as produções de moda, as últimas novidades no mundo da cosmética e uma série de acessórios e peças de luxo inacessíveis à minha bolsa.

Como todas as revistas femininas da mesma estirpe, como a Elle e a Máxima, que também vou consumindo mas com baixa fidelidade, a Vogue (que me dizem vende pouco) mostra-me o melhor que há no mundo do supérfulo e da manutenção da eterna juventude. E eu gosto do que é supérfulo e inatingível.

Não é o meu ópio, não é um sistema alternativo de auto-flagelação, não é um indutor de frustração. Para mim a Vogue é uma forma portátil, bem paginada e enformada num papel que dá gosto desfolhar, de subscrever a beleza artificial e tudo o que ela pode fazer pela beleza natural da mulher.

Mais do que as reportagens destas revistas, que são de alguma maneira repetitivas e frequentemente cheias de chavões e de ideias feitas cuja autoria se perdeu no tempo, são as roupas, os sapatos, as maquilhagens, os cabelos e as peles perfeitas e luminosas, impressos naquele papel brilhante e grosso que satisfazem a minha gula incontrolável pelo que é belo.

Perguntam-me se não fico triste por não poder comprar a maioria daqueles vestidos de alta costura ou por na minha vida de trabalhadora por conta de outrém não haver sequer cabimento mental para a grande parte daqueles visuais. Não, não fico nada triste.

Eu também não posso ter em casa um quadro do Renoir ou do Monet, mas gosto de saber que eles existem nos museus e nas salas de estar de alguns milionários. Da mesma forma que fico muito feliz por não ter nascido no Iraque ou numa favela do Brasil, quando leio uma reportagem sobre a penosa existência dos seus habitantes.

O feio e o belo existem. Nem um nem outro devem ser invisíveis aos nossos olhos.

1 Comments:

Blogger Lolita said...

Eu compro a Lux Woman pois ainda vou conseguindo comprar qq coisita que é publicada

7:06 da tarde  

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