Eh pá... Não posso com isto! E uma teoria sobre o livro.
Literatura s.f. Conjunto de produções literárias dum país ou duma época.
A Rititi pode ser uma gaja porreira ou uma grandessíssima cabra, não faço ideia. Não a conheço. Já li coisas dela divinas, já li outras exemplares na forma e ostensivamente pedantes no conteúdo, já li outras, ainda, comoventes e envolvidas por expressões que não me satisfazem algum pudor que ainda vou alimentando (pelo que percebi, ainda levo três anos de avanço à rititi, deve ser por isso).
A rapariga é um must da blogosfera e disso não há dúvidas. Leio-a com prazer, e isso basta-me. E vou ler o livro dela. Não sei se é bom para a dieta baixa em calorias, ou se me irá provocar uma intoxicação, desejo-lhe é que, bom ou mau, ele lhe sirva para aumentar o seu cabaz de compras. Qual é o mal? Duvido muito que o lucro seja, para quem publica um livro nos tempos que correm, o objectivo primeiro. Se fôr o dela, o que também duvido, que tenha boa sorte. Os meus 13€ já lá vão cantar.
O lançamento d'O Livro da Rititi pôs-me entretanto a pensar nesta questão da escrita e da literatura. Em parte, por causa de comentários que entretanto lhe foram tecidos.
Anda tudo um bocado inflamado à conta de blogs que passam a livro ou de autores de blogs que se lembram de escrever para o papel. Não percebo a questão, porque para mim ela passa apenas pelo conceito de livro. É dele que estamos a falar, os autores e os contextos em que são editadas as obras são apenas fait-divers.
Se me pedissem para fazer uma composição sobre o tema "Um livro é..." eu diria:
Um livro é um objecto. Uma coisa. Constitui-se de páginas de papel, cosidas ou coladas, com uma capa, que pode ser dura ou mole, bonita ou feia. O livro tem sempre um título, que pode ser grande ou pequeno, apelativo, seco, complexo, melhor ou pior do que as letras que lhe seguem dentro das páginas que denomina. O livro tem sempre um ou mais autores. Um livro pode ir desde o formato de bolso, até à categoria de peso pesado e vir a enfeitar uma mesa de sala de estar.
O melhor deste objecto é que possibilita que se carregue de um lado para o outro muitas letras cujo autor se encarregou de depositar em páginas de devoção, displicência, arrogância, supremacia intelectual, vox-pop, sofrimento, imaginação, arte, supense, ciência, crenças, desabafos... Um dicionário inteiro de sentimentos e vibrações.
Os livros vendem-se em livrarias, supermercados, feiras, por catálogo e porta-a-porta.
Os livros só se tornam objecto quando editados, muitas vezes ficam em casa à espera de uma máquina que os talhe para serem vendidos. O que é pena pois, geralmente, dão muito trabalho a fazer e muito menos trabalho a editar. Escrever um livro, imagino, não é fácil, embora às vezes pareça.
Nos últimos tempos tornou-se, contudo, mais fácil criar estes objectos. Há mais máquinas, mais prateleiras, mais autores encorajados a se darem ao prelo, mais veículos de promoção e menos pudores de exposição. A vaidade, exercício maior de escrever um livro e torná-lo objecto, agora é para todos.
Toda a gente pode escrever um livro. Alguns conseguem vê-lo debaixo do braço de outros, que gostam de comprar este objecto. Eu acho que são uns felizardos, mas também fizeram por isso.
A diferença que vai de uma Rititi a uma Marguerite Duras será demasiado evidente para os amantes da Literatura com caixa alta, mas não consta que uma e outra se quisessem alguma vez iguais. A semelhança reside no objecto. O livro. A coisa. Dela o tempo falará por si.
2 Comments:
Já tinha visto o livro numa livraria, mas não tinha a certeza se era da autora do blog.
Dá-lhe!!!!!!!!! O mail...
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