Ciúme
Acho uma certa graça ao facto das pessoas, sobretudo os homens, acharem o ciúme uma coisa maligna. Isso é visível aí abaixo nos comentários ao post anterior. Eu sou ciumenta. Admito. Ciumenta no amor e na amizade. Acho que não sou doentia, mas isso só os outros o podem dizer. Nunca estraguei nenhuma relação por causa desse “pequeno” defeito e geralmente atribuo as culpas à intensidade que ponho em tudo o que faço. O signo e o ascendente, que navegam ambos em águas profundas, também contribuem para esse manifestação interior dos meus afectos. Interior, sim. Jamais fiz cenas e desde que me conheço adulta não exteriorizo facilmente o ciúme.
Claro que, como em quase tudo o que faço na vida, eu acho que sou uma ciumenta diferente. Óbvio. É comum dizer-se que quem tem ciúmes é porque tem falta de autoconfiança... Errado. O meu problema é que tenho autoconfiança a mais. Acho inadmissível alguém trocar-me. O pior é que eu também sei que ninguém troca ninguém. O Homem (com letra H grande) não é um ser monogâmico. Não troca. Acumula. Fico assim neste impasse. Sei o que o corpo humano gasta, sei o que a mente humana concebe. Sei que a montra de doces é apelativa. Sei que não existem almas gémeas. Sei que existem muitas almas consortes, como diz a G. Sei que continuo a ser ciumenta. Sei tanta coisa que até chateia. O mal é esse.
5 Comments:
minha querida, eu também! Assumo que sou ciumenta e que me acho uma ciumenta diferente, ou melhor uma ciumenta-mansa. Não faço cenas, não entro em disputas femininas, não desconfio, não vasculho bolsos nem telemóveis. Dito assim nem pareço ciumenta, mas uma vez confrontada com o "desvio" (que pode ser só de atenção) o alvo do ciúme jura que chegou à Sibéria. Não é de propósito, é feitio, gelo facilmente. Sei exactamente aquilo que me é devido e não entro em saldos. Beijinho.
ahahaha! Este Post és mesmo tu!
muitas vezes somos ciumentos para esconder o facto de sermos realistas, tão realistas que sabemos que as coisas são infinitas enquanto duram. Recentemente escrevi isto:
Rondando-nos como alcateia esfomeada, estão apetites que nos capitaneam, estados de alma que não controlamos, a inevitável erosão do quotidiano acompanhada do compasso inexorável do tempo, estão os nossos demónios, os alheios, num desafio constante ao «Até que a morte vos separe». A morte até pode unir, mas a vida, essa é, inclemente com os amantes....
Pois eu não só sou ciumento como também faço «cenas». Mas muito em particular. Se há coisa que não sou é mal educado. Já não é mau.
E que tal aceitar a vida como ela é?
A única coisa que podemos mudar é o nosso comportamento, e mesmo esse...
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